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VINICIUS TORRES FREIRE
Energia empacada e falta de luz
Licença ambiental de usinas não sai na data prevista pelo governo. Quem tem de prestar contas pelo atraso?
QUANDO ANUNCIOU o PAC, seu
Plano de Aceleração de Crescimento, em janeiro, Lula
achava que no início de março sairia
a licença ambiental para as hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia.
Trata-se de R$ 18 bilhões em investimento em usinas que devem produzir energia equivalente a mais de
meia Itaipu, uns 6.000 megawatts.
Quando foi à Câmara falar do
PAC, o ministro de Minas e Energia,
Silas Rondeau, estimava que o Ibama liberaria no dia seguinte, 15 de
março, a licença prévia para a usina
de Santo Antônio, a primeira do rio
Madeira. Não rolou.
O Ibama diz não ter estimativa de
quando vai liberar a usina. O ministério diz que não vai mais falar em
datas. Só espera.
Até quando não haverá meio de
cobrar responsabilidades pela lerdeza (o apagão de FHC começou assim)? Os estudos ambientais das
empresas são indigentes ou picaretas, por isso a demora? O Ibama é
lento? Se é lento, o retardo se deve a
leis ruins, a falta de pessoal, inépcia,
militância ambientalista irracional?
Há decerto muita conversa fiada
nessa história. No governo Lula, o
Ibama passou a emitir licenças ambientais com mais rapidez. Mas metade das usinas que liberou (se a medição for feita em total de megawatts) ainda não saiu do papel.
Os estudos de impacto ambiental
foram feitos pelo consórcio Furnas-Odebrecht e entregues pela primeira vez em 2005. A pedido do Ibama,
foram refeitos, aceitos e, enfim, houve audiências públicas com milhares de pessoas, no final de 2006. O
Ibama agora estuda seu parecer sobre a licença prévia. Se a licença sair
até abril, a licitação ocorre em julho.
Isto é, se não houver mais embates
judiciais e administrativos, pois ambientalistas e movimentos sociais
estão irados com a usina, também
parte de um projeto de hidrovia.
A usina de Santo Antônio é coisa
para 2012. Na perspectiva de tempo
dos grandes projetos hidrelétricos,
2012 é amanhã. Se as hidrelétricas
amazônicas não forem construídas,
o preço da energia subirá muito -se
houver energia.
Spread numa boa
Saiu ontem o balanço mensal do
Banco Central sobre crédito, juros
e "spread" (grosso modo, a diferença entre o custo de captação de dinheiro pelos bancos e o custo dos
empréstimos para o tomador).
O "spread" subiu um tico. Dizem
que é porque mais gente pobre e
empresa pequena toma crédito, e
há mais riscos de calote nesses casos (vide gráfico). Faz sentido.
Mas também faz dez meses que o
"spread" empacou na casa dos 27%,
28%. Desde 2000, o "spread" ronda
os 29%, variando em geral dois
pontos acima ou dois pontos abaixo disso. Os juros voam e caem um
pouco, a inadimplência varia, varia
muito o volume de crédito, o tempo
passa, o tempo voa etc. Mas o
"spread" continua numa boa.
vinit@uol.com.br
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