São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Brasil importará carro blindado do Uruguai

Acordo assinado ontem prevê compra de até 2.000 veículos por ano do parceiro do Mercosul com alíquota zerada

Negócio deve render ao ano US$ 90 milhões a país vizinho, que acertou cota geral de exportação para o Brasil de 20 mil veículos


BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

O Brasil importará do Uruguai até 2.000 veículos blindados por ano com alíquota zero de imposto como parte da implementação do compromisso feito há um mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reduzir as assimetrias com o sócio de Mercosul. O negócio deve render ao Uruguai US$ 90 milhões/ano.
A cota de importação foi criada na renovação do acordo automotivo entre os dois países, assinada ontem em Montevidéu pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Foi a última missão internacional de Furlan, que deixará o cargo nesta semana.
O objetivo do acordo, segundo o governo, é reduzir o desequilíbrio do setor automotivo entre os dois países, sem limitar as exportações brasileiras, dando um sinal positivo aos investidores. A cota brasileira para vender ao Uruguai sem imposto de importação foi mantida em 6.500 carros e a do Uruguai em 20 mil carros -embora o Uruguai não tenha montadoras de automóveis.
Os 2.000 carros para blindagem virão necessariamente de países fora do Mercosul e terão agregados a seu valor serviços e materiais da região. Também foram criadas cotas para a entrada no Brasil de veículos utilitários (2.500) e caminhões (2.500) uruguaios. Ônibus e máquinas agrícolas, de acordo com o governo brasileiro, já começam o livre comércio.
A expectativa do governo e do setor automotivo é que, em 1º de julho de 2008, já possa entrar em vigor a PAM (Política Automotiva do Mercosul). O objetivo é fazer as discussões em bloco, e não mais bilateralmente. Os acordos automotivos bilaterais do Brasil com a Argentina e o Uruguai vencerão em 30 de junho de 2008.
Até o fim do ano, será feito um monitoramento dos investimentos e dos avanços realizados, com base no qual poderão ser estipuladas medidas como bandas de negociação. Seria um período de transição, caso a política única do bloco ainda não possa ser implementada.
Para os representantes do setor automotivo brasileiro, que comemoraram a celeridade na negociação do acordo -três meses antes do fim do prazo-, o anúncio da chegada de carros chineses ao Mercosul não modificou as negociações.
Neste ano, a chinesa Chery promete instalar no Uruguai sua primeira montadora na América Latina. Modelos chineses serão produzidos no país vizinho e poderão ser vendidos no Brasil com todas as vantagens tarifárias do Mercosul.

Bola
Ontem, no meio de um discurso em um almoço com empresários brasileiros e uruguaios, Furlan segurou uma bola de madeira -artesanato da região Norte com que presenteou uma entidade de marketing uruguaia-, lembrou a derrota brasileira na final da Copa do Mundo de 1950 e disse: "O único setor em que o Brasil não pretende ceder nada ao Uruguai é o da bola".
Além do novo acordo automotivo, foi firmado compromisso entre a Camargo Corrêa e a estatal uruguaia Ancap para a instalação de uma fábrica de cimento no Uruguai (com investimento de US$ 130 milhões e operação plena prevista para 2011). A Petrobras acertou estudar a viabilidade de uma operação de regaseificação de gás líquido no país. Também houve negociações na área têxtil e na de fabricação de ônibus.
O Brasil é o país que mais exporta para o Uruguai e o segundo maior cliente do vizinho, atrás apenas dos EUA.


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