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Ipea prevê alta de no máximo 5,2% no PIB
Instituto ligado ao governo estima crescimento menor da economia neste ano e aponta riscos com crise financeira global
Projeção para a inflação é
de um aumento de até 5% neste ano, sem considerar um eventual reajuste da gasolina, segundo o Ipea
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão ligado ao governo, estima que a
economia crescerá menos neste ano do que no ano passado.
Na Carta de Conjuntura divulgada ontem, o instituto avalia
que o PIB (Produto Interno
Bruto) crescerá entre 4,2% e
5,2% em 2008. O teto da projeção é inferior ao crescimento
do ano passado, de 5,4%.
Segundo o instituto, o ponto
médio na faixa de crescimento
prevista é uma expansão de
4,7%. Para Marcelo Nonnenberg, coordenador do grupo de
análises e projeções, a contribuição negativa do setor externo, estimada em média em
-2,6% seria o principal fator a
frear o crescimento.
Na prática, seria intensificado o movimento de alta das importações superior à das exportações, em um cenário de real
apreciado e commodities com
avanços mais moderados de
preços. O Ipea projeta o dólar
com cotação de R$ 1,61 a R$
1,90. A taxa de juros ficaria em
11,25%.
A expectativa é que a demanda interna continue aquecida.
O instituto estima que o consumo das famílias crescerá de
6,1% a 6,7% neste ano. Este seria o fator responsável pelo aumento dos investimentos, estimado de 12,4% a 14,1%. Na carta divulgada ontem, o Ipea afirma que mais da metade do crescimento da economia neste ano
é resultado de um efeito de
"carry over" de 2,5%. Isto significa a herança estatística de
crescimento do ano passado
para cá.
As projeções estão condicionadas a dois aspectos que podem influenciar o rumo da economia brasileira: desdobramentos da crise americana e
eventual excesso de demanda
interna. O Ipea avalia que a recessão americana durará pelo
menos um ano, com intensidade moderada, o que terá impacto sobre o crescimento da economia mundial, estimado em
média em 3,5%.
Além disso, a taxa menor de
crescimento dos preços de
commodities reduz o espaço
ocupado pelas exportações no
crescimento da economia.
O instituto ressalta que o aumento do uso da capacidade
instalada na indústria, que
atingiu patamar de 83% nos últimos meses, ainda não teve
impactos significativos na inflação, mas que o indicador deve continuar a ser acompanhado de perto por conta das pressões de alimentos e de um
eventual aumento da gasolina.
O Ipea estima que o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) terá alta de 4% a 5%
neste ano. As projeções não incluem um eventual aumento da
gasolina. Desde setembro de
2005, a Petrobras não reajusta
o combustível.
Apesar da cautela em relação
ao comportamento dos preços,
Miguel Bruno, coordenador do
grupo de análises e projeções,
afirmou que avaliaria como
"precipitada" uma alta dos juros pelo Banco Central porque
poderia inibir o investimento
no setor produtivo num momento em que o governo se empenha para que as obras do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) deslanchem.
Indústria
O Ipea também divulgou ontem estimativa para a produção
industrial, que deverá cair 0,4%
em fevereiro na comparação
com janeiro. Apesar da leve retração, o instituto avalia que o
setor continua forte, com expansão de 9,7% em relação a fevereiro do ano passado.
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