São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Acionista perde R$ 1,7 bilhão com Cesp

Fracasso do leilão de privatização derrubou valor de mercado da empresa de R$ 11,2 bilhões para R$ 9,5 bilhões

Depois de perder 21% do valor da ações num único dia, papéis da estatal tiveram queda de apenas 0,32% ontem na Bovespa

Raimundo Paccó - 20.fev.08/Folha Imagem
Sala de controle de usina da Cesp em Paraibuna (SP)


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os acionistas da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) perderam R$ 1,75 bilhão do valor de mercado após a tentativa fracassada de privatização da empresa, segundo cálculos da Economática.
O leilão de venda da estatal deveria ter ocorrido ontem, em São Paulo, mas foi cancelado anteontem depois que nenhum dos cinco grupos pré-identificados depositaram as garantias na Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).
Em 21 de dezembro do ano passado, cinco dias antes do anúncio de retomada do processo de privatização, o valor de mercado da Cesp -atribuído pelo preço das ações negociadas na Bolsa- era de R$ 11,264 bilhões. Ontem, o valor de mercado da companhia havia baixado para R$ 9,5 bilhões, uma perda de 18,4% no período.
Apenas no dia do cancelamento do leilão, as ações da Cesp perderam 21%. Ontem, os papéis da estatal fecharam com uma pequena baixa de 0,32% e atingiram R$ 30,51 por ação.
Segundo Felipe Cunha, analista do setor de energia da Brascan Corretora, o recuo no preço dos papéis da empresa recolocou a ação num patamar "mais condizente" com empresas do setor elétrico brasileiro.
"A Cesp tinha parâmetros muito parecidos com os da Tractebel, outra empresa do setor. A valorização das ações nas últimas semanas fez com que esses parâmetros de comparação fossem completamente modificados. A perda de valor tornou o valor da empresa mais próxima dos níveis de outras companhias do setor", diz Cunha. Para ele, os investidores que compraram ações da Cesp quando estavam valorizadas provavelmente não terão agora como recuperar o aplicado. "Não há qualquer cenário para o retorno das ações aos níveis anteriores, só se o preço da energia disparar ou o governo paulista tomar alguma medida nova para venda da companhia", diz.
Ontem, o governo de São Paulo preferiu não alimentar a discussão sobre o fracasso do leilão, tampouco indicar quais são as perspectivas agora da Cesp. Embora a perspectiva de vender seja ainda a mais forte, ainda há na própria estatal quem defenda uma revisão do plano e o retorno da Cesp como uma companhia que projeta e constrói usinas.


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