São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petrobras eleva importação a US$ 2,3 bi

Parada em refinaria e atraso em novas plataformas aumenta gasto com compra de petróleo e combustíveis em março

Estatal prevê normalização do volume de importações no próximo mês, com volta ao patamar de US$ 1,5 bilhão ao mês

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A parada para manutenção da maior refinaria do país, a de Paulínia (SP), acarretou num aumento expressivo na importação de petróleo e derivados. Somente em março, a Petrobras estima um dispêndio de US$ 2,3 bilhões com a aquisição de óleo e combustíveis no exterior. Desse total, US$ 1,2 bilhão se referem apenas ao petróleo bruto.
Sem a produção da refinaria de Paulínia, cuja capacidade de processamento é de 390 mil barris/dia, a estatal teve de recorrer ao mercado externo com compras maiores, justamente num momento de altas recordes do preço do petróleo e derivados.

Importações crescem
De janeiro para fevereiro, as importações já cresceram 22%. Devem subir 26% de fevereiro para março, segundo projeção da Petrobras. Na média mensal, as importações oscilam na casa do US$ 1,5 bilhão em momentos de normalidade, segundo a estatal.
Para o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, o aumento da compra de petróleo no exterior está associado ao incremento de 8% na demanda de diesel, 4% na de QAV (querosene de aviação) e 3% na de nafta, no primeiro trimestre.
Contudo, as crescentes importações não significam que o país deixou de ser auto-suficiente na produção de petróleo. Ou seja, o país extrai mais óleo bruto do que consome derivados.
Além da parada da refinaria e do aumento da demanda por derivados, a Petrobras listou outro motivo para explicar a forte expansão das importações: a necessidade de importar óleo leve para misturar ao petróleo pesado produzido majoritariamente nos campos brasileiros.
É que, como as refinarias do país são antigas (a última é de 1980), não estão totalmente adaptadas a processar óleo pesado, apesar dos investimentos feitos na conversão dessas unidades.
Por isso, há a necessidade de importação, ainda que o país seja auto-suficiente na produção de petróleo -1,821 milhão de barris/dia em fevereiro, volume muito próximo ao consumo de derivados do país, de 1,8 milhão de barris/dia. Sempre haverá alguma dependência de importação para a mistura com o óleo pesado, mesmo com o aumento da produção nacional.

Atraso
Apesar de a Petrobras não mencionar o fato, o atraso na entrada em operação de três plataformas -que só começaram a produzir no final do ano passado e ainda não chegaram à capacidade total- também fez crescer as importações, dizem especialistas.
É que essas plataformas iriam suprir o aumento do consumo do país, o que não ocorreu integralmente por causa dos atrasos na produção de óleo.
Daqui para a frente, porém, o cenário deve melhorar, diz a empresa, com a previsão do início de produção de cinco novas plataformas neste ano, cuja capacidade total de produção chega a 500 mil barris/dia.
A Petrobras acredita que a situação vai se normalizar já em abril, quando a refinaria de Paulínia voltará a operar. Com isso, estima que as importações voltem ao nível de US$ 1,5 bilhões ao mês, patamar anteriormente registrado.


Colaborou CIRILO JUNIOR , da Folha Online, no Rio

LEIA MAIS em Brasil



Texto Anterior: Eletricidade: Consumo de energia tem alta de 5,4%
Próximo Texto: Saldo negativo passa de US$ 800 mi no ano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.