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Renegociação rural custa até R$ 7 bi
Programa de saneamento de dívidas dos agricultores anunciado pelo governo deve atingir R$ 56,2 bi
Agricultor que está em dia com a quitação de seus financiamentos receberá oferta de desconto para antecipar pagamentos
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O programa de saneamento
de R$ 56,2 bilhões em dívida
rurais proposto pelo governo
federal deve ter custo entre R$
4 bilhões e R$ 7 bilhões para os
cofres públicos, segundo informações preliminares dos ministérios da Fazenda e da Agricultura.
O impacto fiscal da repactuação dos débitos agrícolas para o
Tesouro Nacional leva em conta medidas destinadas a recuperar parte de R$ 9,15 bilhões
em dívidas em atraso e descontos no saldo devedor dos produtores rurais que estão com os
contratos em dia.
Para produtores com dívidas
atrasadas, a proposta é trocar a
taxa Selic mais 1% ao ano pelo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais 6% ao
ano, eliminar multas e encargos financeiros específicos, a
exemplo da cobrança de preço
mínimo por atraso no pagamento.
Para quem está em dia, vão
ser oferecidos descontos para
pagamento antecipado do saldo devedor.
No Ministério da Fazenda, a
avaliação é que a agropecuária
passa por uma fase de prosperidade, e que os produtores dispõem de renda para quitar débitos atrasados e antecipar pagamentos devidos.
Em uma avaliação preliminar, a indicação da Fazenda é
que a adesão deverá ser de
aproximadamente 30% se considerado o número de 2,155 milhões de contratos que podem
ser repactuados.
Dos R$ 56,2 bilhões que vão
ser objeto da renegociação, cerca de R$ 32 bilhões são dívidas
assumidas pelo Tesouro e por
fundos constitucionais.
O restante está distribuído
entre bancos comerciais e federais, com concentração dos
contratos no Banco do Brasil.
O secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica
do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, informou que
R$ 9,15 bilhões compõem dívida atrasadas distribuídas em
837 mil contratos.
Caso as condições propostas
sejam aceitas, os ministérios da
Fazenda e da Agricultura querem que produtores rurais inadimplentes regularizem sua situação para, a partir disso, fazerem nova rolagem de dívida
com possibilidade de desconto
para pagamento antecipado ou
alongamento do prazo da dívida que ainda vai vencer.
Liquidação antecipada
Considerando isso, 421 mil
contratos envolvendo R$ 20,8
bilhões poderão ter acesso a
descontos para liquidação antecipada.
Outros 1.386 contratos,
abrangendo R$ 30,2 bilhões em
dívidas, poderão ser objeto de
negociação para prazo adicional para pagamento.
A troca da Selic pelo IPCA
pode incluir até 198 mil contratos contratos, envolvendo até
R$ 13,6 bilhões.
Ao fazer essa discriminação,
os ministérios da Fazenda e da
Agricultura adotaram, em alguns casos, dupla contagem.
Ou seja, um mesmo contrato
pode ter acesso a desconto e a
alongamento de prazo.
A intenção do governo é formalizar as condições da repactuação até a próxima segunda-feira. Dificilmente, porém, esse
cronograma vai ser mantido.
Os ministérios que conduzem a
renegociação reconhecem que
as medidas são complexas e deverão exigir maior nível de detalhamento.
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