São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Meta fiscal do governo não é factível, afirma Tendências

Mesmo com o anúncio de cortes no Orçamento feito na semana passada, o governo terá que reduzir a meta do superávit primário para conseguir cumprir a exigência fiscal. Para Felipe Salto, economista da Tendências, a meta estabelecida pelo governo de superávit de 3,8% do PIB não é mais factível por conta da queda da receita provocada pela crise econômica mundial.
O motivo apontado por Salto é que o resultado fiscal tem como base o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país. A Tendências projeta uma expansão da economia brasileira abaixo dos 2% previstos pelo governo -de 0,3%.
Para ser alcançada, a meta terá que ser reduzida para 2,8% do PIB, afirma Salto. E, para atingir esse número, o governo terá que tomar medidas mais drásticas que o bloqueio de R$ 21,6 bilhões nas despesas do Orçamento.
Uma delas é o adiamento do reajuste do funcionalismo, aprovado em outubro do ano passado por meio de uma medida provisória. A MP previa ajustes de 2009 a 2011, mas condicionava os aumentos à disponibilidade de recursos orçamentários. Segundo Salto, a economia com a suspensão dos reajustes em 2009 será de R$ 21,4 bilhões.
Outra ação que será necessária para atingir um superávit primário de 2,8% é o uso de R$ 14 bilhões do fundo soberano, afirma Salto. E mesmo com os recursos do fundo e com o cancelamento do reajuste do funcionalismo, o governo terá que acionar um mecanismo avalizado pelo FMI, que permite abater da meta despesas com obras de infraestrutura equivalentes a 0,5% do PIB, para atingir o resultado fiscal.
A expectativa de Salto é a de que o governo reduza a meta ainda no primeiro semestre deste ano. "O corte na meta fiscal não é um desastre. O que importa é que o governo sinalize que a redução é necessária por conta da conjuntura de crise, que já está derrubando a receita", afirma.
Para Salto, pior que reduzir a meta fiscal é não cumpri-la. De acordo com ele, isso faz com que o governo perca credibilidade e sinalize que não foi capaz de planejar bem o orçamento e controlar gastos.

NO PRATO
Julio Diotto, do restaurante Zucco, e Rosangela Lyra, da Associação dos Lojistas da Oscar Freire, fizeram parceria para lançar, no dia 31, o projeto beneficente Aliança Gourmet, reunindo restaurantes e lojas dos Jardins para ajudar a entidade Aliança da Misericórdia, apoiada por Lyra. Diotto deixa claro que o cliente não precisa desembolsar nada, mesmo os que são acostumados a pagar contas altas na região. O restaurante vai doar R$ 1 de cada sobremesa vendida. "É importante dizer que é o restaurante que fará a doação. O cliente só precisa pedir sobremesa, o que ele já faz."

NERVOS DE AÇO
A Votorantim é o fator surpresa em um negócio que corre nos bastidores do aço. A Nippon Steel não comprará sozinha os 5,9% de participação que a Vale detém na Usiminas. Também acionista, o grupo vai exercer seu direito de preferência pagando os mesmos R$ 40 por ação da Usiminas. O negócio faz bastante sentido: enquanto o aço é um dos "core business" da Votorantim, para a Vale, este não é mais um negócio central.

CIDADE SANTA
O Ministério do Comércio do Iraque vai promover, de 12 a 21 de abril, a Feira de Reconstrução de Najaf, no Iraque. Cidade santa mais importante para os xiitas, Najaf é visitada por 5 milhões de peregrinos ao ano. "Eles precisam de transporte, acomodações e alimentação", diz Jalal Chaya, presidente da Câmara Brasil-Iraque.

OPORTUNIDADE
Os organizadores da feira irão reunir no pavilhão de exposições de Najaf, construído para o evento, importadores e compradores de diversas áreas. "O interesse iraquiano nos produtos e serviços brasileiros é forte", afirma Chaya. No ano passado, as empresas brasileiras exportaram US$ 377 milhões para o Iraque. O resultado foi 67% superior ao de 2007 e fez com que o governo do Iraque planejasse a abertura de um escritório comercial em São Paulo.

RECEITA
As empresas brasileiras investem sete vezes mais em treinamento de vendas do que de compras. O levantamento é de Robson Drezett, especialista em gestão de compras.

CUSTO
A área de compras é uma das responsáveis pela saída de recursos das empresas -as outras são impostos, remuneração de acionistas e encargos. Bem administrada, a área de compras pode reduzir as despesas em um percentual que pode variar de 11% a 25%.

SOBRA
A ArcelorMittal Aços Longos alcançou receita de US$ 37 milhões com a venda de coprodutos -resíduos gerados na produção de aço que são reutilizados no processo produtivo ou revendidos- nas suas unidades das Américas Central e do Sul, no ano passado. Apenas as unidades de Monlevade (MG) e Juiz de Fora (MG) arrecadaram US$ 8,3 milhões com a venda de escória de alto-forno para as indústrias de cimento brasileiras.

FEIRÃO
A Caixa Econômica participa até segunda do Feirão de Automóveis do grupo Sinal, rede de concessionárias, na Grande SP. Na feira, oferecerá linha de crédito para compra de veículos.

CHOCOLATE
O governo de SC, a Abih-SC (associação de hotéis) e o Sebrae promovem a feira Planeta Chocolate, em Florianópolis, de 31 a 5, para estimular pequenos produtores da região.

LANÇAMENTO EM ETAPAS
A incorporadora Stan Desenvolvimento Imobiliário, focada no segmento de alto padrão, vai lançar neste ano dois projetos para a classe B. Segundo André Neuding Filho, diretor-executivo da empresa, trata-se de oportunidades pontuais para aproveitar terrenos bem localizados e não de alteração no perfil da empresa por conta da crise. A turbulência econômica provocou outras mudanças, como o lançamento de empreendimentos por etapas. Antes, a empresa lançava todas as torres de um empreendimento de uma vez. Agora, coloca as unidades à venda em momentos diferentes.

CADEIRA
Mauro Rodrigues da Cunha acaba de ser reeleito para a presidência do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

VIZINHANÇA
A consultoria MaxiQuim, em parceria com a IntelliChem, realiza hoje em Houston, nos Estados Unidos, a segunda edição de encontro sobre o setor petroquímico na América Latina. Palestrantes do Brasil e do México discutirão as perspectivas para a petroquímica na região nos próximos anos.

DEMOCRÁTICO
O tema do próximo relatório brasileiro de desenvolvimento humano da ONU será escolhido pela população. A ONU promoveu audiências públicas para receber sugestões, fez pesquisas nos dez municípios com os piores IDHs do país e está aceitando contribuições pela internet até 15 de abril. O site é brasilpontoaponto.org.br.

ABERTO
A expectativa do coordenador do relatório, Flavio Comim, é receber até 500 mil contribuições. Sem oferecer alternativas de múltipla escolha, os interessados podem contribuir com textos dissertativos. Segundo Comim, até o momento, os principais temas sugeridos são a formação de valores na escola e a corrupção.

FRASES NA CONTA
O resultado terá novas formas de divulgação. Entre as ideias estão a publicação de frases na conta de luz e publicidade em canais de TV. "Queremos que o relatório chegue às pessoas e não que fique em uma estante juntando pó", diz Comim.

NOVO IDH
Comim, que também coordena o relatório de IDH, quer usar a consulta para identificar qual dos itens que compõem o índice (renda, educação e expectativa de vida) tem mais importância no país. Dependendo do resultado, o peso de cada item pode mudar no cálculo do IDH.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI


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