São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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Embratel pede investigação ao Cade

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A direção da Embratel apresentou ontem ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) um novo pedido de investigação por formação de cartel contra a Telemar, a Telefônica e a Brasil Telecom.
A empresa havia apresentado acusação nesse sentido ao Cade, em 10 de março, mas, segundo a vice-presidente de marketing e de relações da Embratel, Purificación Carpinteyro, os documentos revelados pela Folha trouxeram fatos novos, que mereceriam abertura de inquérito pelo Cade e pela SDE (Secretaria de Direito Econômico).
Em entrevista à Folha, a executiva acusou as três gigantes de formação de cartel. ""Elas se uniram para dividir o mercado e evitar a competição." Segundo ela, os documentos apreendidos pela polícia de São Paulo, que fazem referência a um suposto plano para alinhamento da tarifas pelo teto após a compra da Embratel, reforçam os indícios de formação de cartel.
Brasil Telecom, Telemar e Telefônica se associaram à Geodex Communications para formar a Calais Participações S.A. Foi a Calais que apresentou à MCI a proposta de compra da Embratel, em nome das teles.
O outro candidato à compra da Embratel é a companhia telefônica Telmex. Para as teles, os executivos da Embratel estariam fazendo lobby para o grupo mexicano.
A seguir, trechos da entrevista:
 

Folha - As três teles acham que a diretoria da Embratel deveria ser neutra nessa disputa e que vocês tomaram partido do candidato mexicano. Isso é fato?
Purificación Carpinteyro -
Não estamos a favor do grupo mexicano, mas somos contra as operadoras comprarem a Embratel, porque seria o fim da competição no mercado. A Embratel é a única concorrente que elas têm.

Folha - A polícia apreendeu minutas de acordos de acionistas firmados entre as teles e a Geodex Communications. Vocês os conheciam?
Carpinteyro -
Sabíamos da existência de um acordo que dá a elas o poder de vetar investimentos superiores a R$ 10 milhões. Como R$ 10 milhões de investimentos em telecomunicações não são nada, a Embratel pode ficar atada, sem poder investir.

Folha - Esse acordo, a seu ver, é uma forma de controle indireto?
Carpinteyro -
Evidentemente. Se a Geodex for obrigada a submeter suas decisões à aprovação prévia das teles, elas é que serão as controladoras de fato. Não é preciso possuir maioria das ações com direito a voto para ser controlador. Agora, ficamos sabendo que elas ainda têm opção de comprar as ações com direito a voto da Geodex. Se ela tomar qualquer medida que não seja coerente com a vontade das operadoras, pode ser removida da sociedade.


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