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Embratel pede investigação ao Cade
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A direção da Embratel apresentou ontem ao Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) um novo pedido de investigação por formação de cartel contra a Telemar, a Telefônica e a Brasil Telecom.
A empresa havia apresentado
acusação nesse sentido ao Cade,
em 10 de março, mas, segundo a
vice-presidente de marketing e de
relações da Embratel, Purificación Carpinteyro, os documentos
revelados pela Folha trouxeram
fatos novos, que mereceriam
abertura de inquérito pelo Cade e
pela SDE (Secretaria de Direito
Econômico).
Em entrevista à Folha, a executiva acusou as três gigantes de formação de cartel. ""Elas se uniram
para dividir o mercado e evitar a
competição." Segundo ela, os documentos apreendidos pela polícia de São Paulo, que fazem referência a um suposto plano para
alinhamento da tarifas pelo teto
após a compra da Embratel, reforçam os indícios de formação
de cartel.
Brasil Telecom, Telemar e Telefônica se associaram à Geodex
Communications para formar a
Calais Participações S.A. Foi a Calais que apresentou à MCI a proposta de compra da Embratel, em
nome das teles.
O outro candidato à compra da
Embratel é a companhia telefônica Telmex. Para as teles, os executivos da Embratel estariam fazendo lobby para o grupo mexicano.
A seguir, trechos da entrevista:
Folha - As três teles acham que a
diretoria da Embratel deveria ser
neutra nessa disputa e que vocês
tomaram partido do candidato mexicano. Isso é fato?
Purificación Carpinteyro - Não
estamos a favor do grupo mexicano, mas somos contra as operadoras comprarem a Embratel,
porque seria o fim da competição
no mercado. A Embratel é a única
concorrente que elas têm.
Folha - A polícia apreendeu minutas de acordos de acionistas firmados entre as teles e a Geodex Communications. Vocês os conheciam?
Carpinteyro - Sabíamos da existência de um acordo que dá a elas
o poder de vetar investimentos
superiores a R$ 10 milhões. Como
R$ 10 milhões de investimentos
em telecomunicações não são nada, a Embratel pode ficar atada,
sem poder investir.
Folha - Esse acordo, a seu ver, é
uma forma de controle indireto?
Carpinteyro - Evidentemente. Se
a Geodex for obrigada a submeter
suas decisões à aprovação prévia
das teles, elas é que serão as controladoras de fato. Não é preciso
possuir maioria das ações com direito a voto para ser controlador.
Agora, ficamos sabendo que elas
ainda têm opção de comprar as
ações com direito a voto da Geodex. Se ela tomar qualquer medida que não seja coerente com a
vontade das operadoras, pode ser
removida da sociedade.
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