São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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FINANCIAMENTO

Empréstimos em consignação atingem R$ 6,6 bi no país em março, segundo levantamento feito pelo BC

Crédito com desconto em folha cresce 18%

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os empréstimos em consignação -cujos pagamentos são descontados diretamente na folha de pagamento- cresceram 18% nos últimos dois meses e chegaram a R$ 6,6 bilhões em março, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central entre as instituições financeiras que possuem 60% desse mercado.
No final de janeiro, os créditos em consignação concedidos pelos bancos somavam R$ 5,6 bilhões, valor equivalente a 30,30% dos empréstimos pessoais concedidos por essas instituições financeiras. No mês passado, essa proporção havia chegado a 33,13%, o que equivalia a R$ 6,6 bilhões.
Foi a modalidade de financiamento que mais cresceu no período. Nesse intervalo de tempo, os financiamentos pessoais convencionais subiram 6% -de R$ 15,1 bilhões para R$ 16 bilhões.
Levando-se em conta os dados de todos os bancos, o volume de empréstimos pessoais (com e sem desconto em folha) passou de R$ 30,8 bilhões para R$ 33,2 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que boa parte dos empréstimos em consignação é concedida a funcionários públicos, devido à maior facilidade que os bancos têm de disponibilizar crédito para esse tipo de público.
"Os convênios com o setor privado são mais difíceis", afirma Edson Monteiro, vice-presidente de Varejo do Banco do Brasil. Para que os empréstimos com desconto em folha sejam concedidos, é preciso que um convênio seja firmado entre o banco, a empresa onde a pessoa trabalha e o sindicato de sua categoria profissional.
No caso do setor público, essas parcerias são mais simples. O convênio do BB com o governo federal permitiu que 1,3 milhão de funcionários públicos passassem a ter direito aos financiamentos. Como a maioria dessas pessoas já recebe salários pelo BB, a parceria foi implantada com mais rapidez.
Os empréstimos em consignação foram regulamentados por uma medida provisória editada pelo governo em setembro do ano passado. A maior parte dos bancos, porém, levou alguns meses para se adaptar ao novo sistema e só passou a operar efetivamente com essa linha de crédito em dezembro de 2003.
Nem todos os R$ 6,6 bilhões em empréstimos identificados pelo levantamento do BC, porém, foram concedidos após essa medida do governo. Mesmo antes da medida provisória, alguns bancos -como o próprio BB- já ofereciam esse tipo de crédito. O BC diz que não foi possível separar os financiamentos novos dos antigos.
No crédito em consignação, o risco de inadimplência é pequeno, já que os pagamentos são descontados diretamente do salário do devedor. A intenção do governo era fazer com que os bancos -que sempre citaram o risco de calote como um motivo para os elevados juros- reduzissem as taxas cobradas de seus clientes.
No caso do BB, os juros cobrados no crédito em consignação variam entre 1,75% e 3,11% ao mês -o equivalente a taxas anuais entre 23% e 44%. De acordo com levantamento do BC, os juros médios cobrados nos empréstimos pessoais estavam, em março, em 76,5% ao ano.
O governo quer ampliar a concessão de empréstimos em consignação para aposentados.


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