|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FINANCIAMENTO
Empréstimos em consignação atingem R$ 6,6 bi no país em março, segundo levantamento feito pelo BC
Crédito com desconto em folha cresce 18%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os empréstimos em consignação -cujos pagamentos são descontados diretamente na folha de
pagamento- cresceram 18% nos
últimos dois meses e chegaram a
R$ 6,6 bilhões em março, de acordo com levantamento feito pelo
Banco Central entre as instituições financeiras que possuem
60% desse mercado.
No final de janeiro, os créditos
em consignação concedidos pelos
bancos somavam R$ 5,6 bilhões,
valor equivalente a 30,30% dos
empréstimos pessoais concedidos por essas instituições financeiras. No mês passado, essa proporção havia chegado a 33,13%, o
que equivalia a R$ 6,6 bilhões.
Foi a modalidade de financiamento que mais cresceu no período. Nesse intervalo de tempo, os
financiamentos pessoais convencionais subiram 6% -de R$ 15,1
bilhões para R$ 16 bilhões.
Levando-se em conta os dados
de todos os bancos, o volume de
empréstimos pessoais (com e sem
desconto em folha) passou de R$
30,8 bilhões para R$ 33,2 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
afirma que boa parte dos empréstimos em consignação é concedida a funcionários públicos, devido à maior facilidade que os bancos têm de disponibilizar crédito
para esse tipo de público.
"Os convênios com o setor privado são mais difíceis", afirma
Edson Monteiro, vice-presidente
de Varejo do Banco do Brasil. Para que os empréstimos com desconto em folha sejam concedidos,
é preciso que um convênio seja
firmado entre o banco, a empresa
onde a pessoa trabalha e o sindicato de sua categoria profissional.
No caso do setor público, essas
parcerias são mais simples. O
convênio do BB com o governo
federal permitiu que 1,3 milhão de
funcionários públicos passassem
a ter direito aos financiamentos.
Como a maioria dessas pessoas já
recebe salários pelo BB, a parceria
foi implantada com mais rapidez.
Os empréstimos em consignação foram regulamentados por
uma medida provisória editada
pelo governo em setembro do ano
passado. A maior parte dos bancos, porém, levou alguns meses
para se adaptar ao novo sistema e
só passou a operar efetivamente
com essa linha de crédito em dezembro de 2003.
Nem todos os R$ 6,6 bilhões em
empréstimos identificados pelo
levantamento do BC, porém, foram concedidos após essa medida
do governo. Mesmo antes da medida provisória, alguns bancos
-como o próprio BB- já ofereciam esse tipo de crédito. O BC diz
que não foi possível separar os financiamentos novos dos antigos.
No crédito em consignação, o
risco de inadimplência é pequeno, já que os pagamentos são descontados diretamente do salário
do devedor. A intenção do governo era fazer com que os bancos
-que sempre citaram o risco de
calote como um motivo para os
elevados juros- reduzissem as
taxas cobradas de seus clientes.
No caso do BB, os juros cobrados no crédito em consignação
variam entre 1,75% e 3,11% ao
mês -o equivalente a taxas
anuais entre 23% e 44%. De acordo com levantamento do BC, os
juros médios cobrados nos empréstimos pessoais estavam, em
março, em 76,5% ao ano.
O governo quer ampliar a concessão de empréstimos em consignação para aposentados.
Texto Anterior: Feiras: UD abre hoje, sem cobrar entrada Próximo Texto: Juro sobe mesmo com Selic menor Índice
|