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TRIBUTOS
Rachid sugere que acusações contra ele e outros auditores do órgão têm origem política para prejudicar governo
Secretário da Receita nega irregularidades
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, defendeu-se ontem
das acusações apontadas pela investigação da Corregedoria da
própria Receita de que teria facilitado os auditores fiscais Sandro
Martins e Paulo Baltazar a se beneficiarem da redução de autos de
infração aplicados pelo órgão.
Também negou que tenha tentado obstruir as investigações da
Corregedoria, conforme aponta o
Ministério Público. Ele insinuou
que o envolvimento de seu nome
é uma orquestração política para
fragilizar o governo Lula.
"Acho muita coincidência que o
caso venha a tona agora quando a
Receita goza de grande credibilidade. O processo está funcionando há três anos, e até agora nada
foi provado contra mim", disse.
Para ele, "não foi por acaso" que o
auto de infração, emitido em
1994, só tenha começado a ser investigado em 2003, ano em que
assumiu o atual governo e ele assumiu a Secretaria da Receita.
A investigação da Corregedoria
indicou que a equipe de três auditores -da qual Rachid fazia parte
em 1994 e que aplicou um auto de
infração fiscal contra a Construtora OAS- permitiu aos auditores
da Receita Federal Sandro Martins Silva e Paulo Baltazar Carneiro, ex-integrantes do primeiro escalão do órgão, receberem R$ 18,3
milhões após terem reduzido o
valor da multa à empreiteira.
Segundo a investigação, essa redução da multa teria ocorrido
porque os auditores teriam inflado o valor do auto, para permitir
que Baltazar e Sandro reduzissem
a multa e recebessem comissões
por isso. Na ocasião a equipe de
auditores fiscais que Rachid integrava fixou em R$ 1,1 bilhão o auto de infração, valor que a Corregedoria considerou incompatível.
Segundo Rachid, o processo da
Corregedoria questiona só 8,4%
do valor. Ele admitiu ter havido
falha na autuação, com dupla cobrança de multas, mas disse que
os erros foram cometidos em
1,37% dos 7.500 registros do processo. "Isso equivale a apenas
0,024% do auto de infração de R$
1,1 bilhão, ou R$ 3,4 milhões." O
auto de infração se refere a impostos não pagos, multa e juros.
Rachid afirmou não ter relações
com Martins e Carneiro e que só
conheceu os dois em 1996 quando
assumiu a coordenadoria de Fiscalização. Na época, eles trabalhavam na Receita Federal.
Em 2003, Rachid assinou uma
portaria exigindo que os integrantes da comissão que investigava o caso OAS informassem o
superior da Receita Federal, ou
seja, o ministro da Fazenda, na
época Antonio Palocci Filho, o
que estava sendo feito.
Segundo Rachid, isso ocorreu
porque a lei 8.112, que regula processos administrativos contra
funcionários públicos, exige que
investigações sejam autorizadas
por seus superiores e não por funcionários paralelos ou de hierarquia inferior, como seria o caso
dos funcionários da corregedoria.
De acordo com o atual corregedor, Marcos Mello, havia cinco
comissões investigando Martins e
Carneiro. A que envolve a OAS e
Rachid foi evocada por Palocci,
paralisando o processo, e as demais tiveram o prazo vencido.
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