|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Arrecadação do FGTS cresce 33% no 1º tri
Expansão do trabalho formal eleva recolhimento; por outro lado, saques também crescem com a alta rotatividade e o boom imobiliário
Trabalhadores recorrem mais ao fundo para a compra da casa própria; FGTS responde por metade dos recursos disponíveis para a habitação
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A expansão recorde do mercado de trabalho formal vitaminou as contas do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço) no primeiro trimestre do
ano. De janeiro a março, a arrecadação líquida do fundo atingiu R$ 2,553 bilhões, o que representa um aumento de
33,6% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Nos três primeiros meses do
ano, as empresas recolheram
ao FGTS a quantia de R$ 11,941
bilhões, enquanto os saques aos
recursos ficaram em R$ 9,388
bilhões. Os valores são superiores aos de 2007, ano em que depósitos e saques ao fundo registraram recorde. Isso, no entanto, não impediu que o FGTS registrasse queda em sua arrecadação líquida em 2007 na comparação com anos anteriores.
No ano passado, a arrecadação alcançou a cifra de R$
41,630 bilhões, e os saques ficaram em R$ 38,379 bilhões. Isso
resultou em uma receita líquida de R$ 3,251 bilhões. Na comparação com o ano de 2006, a
redução foi de 52%.
O crescimento da arrecadação líquida do fundo no primeiro trimestre é um bom indicador sobre a saúde financeira do
FGTS. Quanto mais dinheiro
acumula, mais o fundo pode
destinar recursos para investimento em habitação, saneamento e infra-estrutura.
Neste ano, a arrecadação
bruta do fundo reflete os bons
números que o mercado de trabalho formal vem exibindo. Todos os meses as empresas são
obrigadas a recolher o equivalente a 8% do salário do trabalhador. Neste ano, o estoque de
trabalhadores com carteira assinada já cresceu em 554 mil
novos postos formais.
Efeitos colaterais
A ebulição do mercado de
trabalho, entretanto, tem seus
efeitos colaterais. No Brasil, a
expansão nas contratações vem
sempre acompanhada por expressiva rotatividade de trabalhadores. O Ministério do Trabalho estima que anualmente
cerca de 30% da mão-de-obra
empregada seja substituída. O
fenômeno é resultado da baixa
qualificação profissional e da
política das empresas de contratar trabalhadores com salários mais baixos.
A rotatividade gera um número elevado de demissões, aumentando os saques ao fundo
nas situações em que o desligamento foi feito sem justa causa.
Mas esse não é o único fator a
pressionar as contas. O boom
do crédito imobiliário também
levou os trabalhadores a promoverem mais saques ao FGTS
para comprar a casa própria.
Estimativas da Caixa Econômica Federal apontam que o
FGTS tem sido responsável por
metade dos recursos disponíveis para a habitação. Nesse caso, o fundo contribui não só
com os recursos das contas vinculadas dos trabalhadores. O
FGTS também é fonte para empréstimos na compra financiada de imóveis, oferecendo juros
mais baixos do que os praticados no mercado.
Outro motivo para o crescente aumento dos saques ao fundo envolve uma decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal) de
abril do ano passado. O tribunal
permitiu aos aposentados que
permanecem no mercado de
trabalho sacar o dinheiro que
possuem do FGTS e, mensalmente, retirar os valores depositados pelas empresas.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Habitação e infra-estrutura terão mais verba Índice
|