São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Após 16 anos de reforma no setor, terminais seguem dando prejuízo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Passados 16 anos da reforma do setor portuário, as companhias docas estatais continuam dando prejuízo. Hoje, sete estatais estão com o governo federal, incluindo portos como Santos, Vitória e Rio. Em 2008, essas empresas juntas tiveram prejuízo de R$ 292 milhões.
Nem todas deram prejuízo. A Codesp, que administra o maior porto do país (Santos), fechou o ano passado com lucro de R$ 33,4 milhões. Também ficaram no azul as companhias docas do Espírito Santo (Vitória e Barra do Riacho) e do Pará (CDP, de Belém, Santarém e Vila do Conde). No total, o lucro somou R$ 44 milhões, com Santos em 76% do resultado.
As outras quatro estatais deram prejuízo. Só a Docas do Rio de Janeiro (Rio, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí) registrou resultado negativo de mais de R$ 228 milhões. No total, somados os prejuízos da Codeba (Salvador e Aratu), da Codern (Natal, Maceió e Areia Branca) e da CDC (Fortaleza), o prejuízo total passou de R$ 336 milhões.
Na reforma, iniciada em 1993, foi modificado o sistema de contratação de mão-de-obra (os sindicatos foram substituídos por organismos gerenciados pelas empresas que operam os terminais) e a operação portuária propriamente dita (carga e descarga, armazenamento etc) passou à iniciativa privada.
A administração, porém, permaneceu estatal. Dessa forma, cabe às estatais, com as receitas que obtiverem com a arrecadação de taxas, fazer obras de infraestrutura, como dragagem. Como elas não têm recursos, a União fica com o investimento.
Segundo Augusto Wagner Padilha Martins, chefe-de-gabinete da Secretaria Especial de Portos, o resultado negativo é fruto de dívidas dessas empresas. "Os portos são rentáveis. O resultado operacional, descontadas as dívidas, é bom. Mas há um passivo grande a ser pago", afirmou. "Porto não tem como dar prejuízo", comentou.
Martins explicou que o prejuízo registrado pela Docas do Rio é fruto de como foi feito o processo de reforma do setor. Antes da reforma, existia uma "holding" estatal, a Portobrás, que, a exemplo do que faz hoje a Eletrobrás no setor elétrico, controlava de forma centralizada os portos. Quando a Portobrás foi extinta, em 1990, as dívidas ficaram com a empresa.
Segundo a Secretaria Especial de Portos, hoje as dívidas dos portos somam aproximadamente R$ 800 milhões, sem contar o passivo trabalhista.


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