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Estrangeiros abrem corretoras no país
Mesmo com a crise econômica, instituições do exterior chegam ao Brasil apostando na retomada do mercado acionário local
Concorrência maior deverá beneficiar investidor; entre os estreantes, estão o americano Goldman Sachs, o espanhol CM Capital e a britânica Icap
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A crise atingiu em cheio as
instituições financeiras estrangeiras. Mas não foi suficiente
para cancelar os planos de algumas de entrar no mercado brasileiro de corretagem de ações.
Desde fevereiro, o norte-americano Goldman Sachs e o espanhol CM Capital Markets estão
atendendo brasileiros no mercado de ações. Neste mês, foi a
vez do escritório brasileiro da
britânica Icap, a maior corretora do mundo. Até o fim do ano,
deve chegar ao setor o também
britânico Barclays.
"Pelo menos outras três instituições asiáticas estão negociando para entrar no Brasil",
diz Paulo Oliveira, diretor-executivo de novos negócios da
BM&FBovespa.
Em todos os casos, os planos
de entrar no Brasil vieram antes da crise. "Não recebi nenhuma ordem para segurar ou interromper os planos", afirma
Alan Gandelman, presidente
da Icap Brasil.
A abertura das novas corretoras chama a atenção pelo momento de crise no exterior e
também por ter ocorrido posteriormente à euforia dos IPOs
(oferta inicial de ações) na Bolsa de Valores, entre os anos de
2005 e 2007, e à da concessão
ao Brasil do "grau de investimento", em abril de 2008.
Mas, naquele momento, o
mercado estava fechado às novas corretoras. Até o ano passado, o setor era um clube fechado. Só as corretoras antigas,
que detinham uma espécie de
título, podiam operar. A entrada de novas corretoras somente era possível com a aquisição
de uma instituição já em funcionamento. Somente após a
abertura de capital e fusão da
BM&F e da Bovespa, no ano
passado, foi aberto o acesso a
outras corretoras.
"Os estrangeiros acham que,
pelo fato de o setor financeiro
brasileiro ter enfrentado a crise
com poucos arranhões, passamos pelo teste. O executivo de
uma corretora americana costuma dizer que Bric começa
com B de Brasil", diz Oliveira.
Outra razão mira o longo
prazo. Segundo Gandelman, a
matriz da Icap espera que a
operação brasileira atinja o terceiro lugar em importância -e
receita- em menos de cinco
anos. Terá que superar outros
30 mercados, ficando atrás
apenas de Inglaterra e EUA.
A Icap, chegou ao Brasil em
2007, para dar entrada no BC
no pedido para operar como
corretora. Em novembro do
ano passado, comprou a corretora brasileira Arkhe, especializada em derivativos na BM&F.
E agora a corretora inicia o
atendimento ao varejo.
Pessoa física
Duas das novas corretoras,
CM Capital e Icap, declaram ter
estratégia para crescer no ranking das corretoras que atendem o investidor pessoa física
na Bolsa via homebroker -sistema de negociação de ações
por meio da internet.
Para a CM, atender pessoa física aqui diverge do que a instituição faz no resto do mundo.
"Mostramos à matriz que o potencial desse mercado é muito
grande", diz Eduardo Nonaka,
diretor administrativo da CM
Capital no Brasil.
Nenhuma corretora revela
quanto vai investir no Brasil.
Mas, considerando-se apenas
os custos para se habilitar e se
qualificar junto à BM&FBovespa -que chegam a R$ 30 milhões -, é preciso fôlego.
Embora o mercado seja pulverizado, Icap e CM Capital
Markets descartam estar procurando concorrentes para
comprar. Mesmo que o mercado não esteja a maravilha em
que se encontrava há um ano, a
Icap avalia o momento como
perfeito para iniciar uma operação.
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