São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Estrangeiros abrem corretoras no país

Mesmo com a crise econômica, instituições do exterior chegam ao Brasil apostando na retomada do mercado acionário local

Concorrência maior deverá beneficiar investidor; entre os estreantes, estão o americano Goldman Sachs, o espanhol CM Capital e a britânica Icap


SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A crise atingiu em cheio as instituições financeiras estrangeiras. Mas não foi suficiente para cancelar os planos de algumas de entrar no mercado brasileiro de corretagem de ações. Desde fevereiro, o norte-americano Goldman Sachs e o espanhol CM Capital Markets estão atendendo brasileiros no mercado de ações. Neste mês, foi a vez do escritório brasileiro da britânica Icap, a maior corretora do mundo. Até o fim do ano, deve chegar ao setor o também britânico Barclays.
"Pelo menos outras três instituições asiáticas estão negociando para entrar no Brasil", diz Paulo Oliveira, diretor-executivo de novos negócios da BM&FBovespa.
Em todos os casos, os planos de entrar no Brasil vieram antes da crise. "Não recebi nenhuma ordem para segurar ou interromper os planos", afirma Alan Gandelman, presidente da Icap Brasil.
A abertura das novas corretoras chama a atenção pelo momento de crise no exterior e também por ter ocorrido posteriormente à euforia dos IPOs (oferta inicial de ações) na Bolsa de Valores, entre os anos de 2005 e 2007, e à da concessão ao Brasil do "grau de investimento", em abril de 2008.
Mas, naquele momento, o mercado estava fechado às novas corretoras. Até o ano passado, o setor era um clube fechado. Só as corretoras antigas, que detinham uma espécie de título, podiam operar. A entrada de novas corretoras somente era possível com a aquisição de uma instituição já em funcionamento. Somente após a abertura de capital e fusão da BM&F e da Bovespa, no ano passado, foi aberto o acesso a outras corretoras.
"Os estrangeiros acham que, pelo fato de o setor financeiro brasileiro ter enfrentado a crise com poucos arranhões, passamos pelo teste. O executivo de uma corretora americana costuma dizer que Bric começa com B de Brasil", diz Oliveira.
Outra razão mira o longo prazo. Segundo Gandelman, a matriz da Icap espera que a operação brasileira atinja o terceiro lugar em importância -e receita- em menos de cinco anos. Terá que superar outros 30 mercados, ficando atrás apenas de Inglaterra e EUA.
A Icap, chegou ao Brasil em 2007, para dar entrada no BC no pedido para operar como corretora. Em novembro do ano passado, comprou a corretora brasileira Arkhe, especializada em derivativos na BM&F. E agora a corretora inicia o atendimento ao varejo.

Pessoa física
Duas das novas corretoras, CM Capital e Icap, declaram ter estratégia para crescer no ranking das corretoras que atendem o investidor pessoa física na Bolsa via homebroker -sistema de negociação de ações por meio da internet.
Para a CM, atender pessoa física aqui diverge do que a instituição faz no resto do mundo. "Mostramos à matriz que o potencial desse mercado é muito grande", diz Eduardo Nonaka, diretor administrativo da CM Capital no Brasil.
Nenhuma corretora revela quanto vai investir no Brasil. Mas, considerando-se apenas os custos para se habilitar e se qualificar junto à BM&FBovespa -que chegam a R$ 30 milhões -, é preciso fôlego.
Embora o mercado seja pulverizado, Icap e CM Capital Markets descartam estar procurando concorrentes para comprar. Mesmo que o mercado não esteja a maravilha em que se encontrava há um ano, a Icap avalia o momento como perfeito para iniciar uma operação.


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