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Coca diz que paga R$ 2,6 bi em impostos
Valor refere-se a 2005 e corresponde a tributos pagos pelo grupo no país; AmBev e Pepsi não se pronunciam sobre o assunto
Coca-Cola afirma que trabalha com "todo o planejamento fiscal
possível" porque o Brasil possui alta carga tributária
DA REPORTAGEM LOCAL
A Coca-Cola, proprietária da
Recofarma, fábrica de concentrado instalada desde 1989 na
Zona Franca de Manaus, afirma que o grupo pagou R$ 2,6
bilhões de impostos em 2005 e
emprega 34 mil funcionários
de forma direta no país.
O faturamento das 41 fábricas e 20 empresas regionais
que integram o grupo no Brasil
foi de R$ 8,7 bilhões em 2005.
Os impostos pagos no país correspondem a 30% da receita de
todas as suas operações, segundo informa a companhia.
"Não há como individualizar
a operação de Manaus [ao se referir aos dados divulgados pela
Afrebras -associação dos fabricantes regionais de refrigerantes- em relação à Recofarma]. A operação de Manaus só
existe em função das demais
que ocorrem no país", diz Marcos Simões, diretor de comunicação da Coca-Cola Brasil.
O grupo afirma não poder divulgar dados do faturamento
da Recofarma de forma isolada
e que os dados de renúncia fiscal são difíceis de serem contabilizados porque são adotadas
diversas formas de planejamento fiscal nas fábricas instaladas no país. "Trabalhamos
com todo o planejamento fiscal
possível porque o Brasil é um
país com alta carga tributária.
Não sei dizer de quanto seria [o
benefício] porque são muitos
contratos ao longo do tempo",
afirma Simões.
Em Manaus, a Coca-Cola
afirma que emprega 1.550 pessoas, considerando os funcionários das unidades de refrigerantes e de concentrado.
"A fábrica de concentrado é
pequena porque é elo de uma
cadeia nacional. A decisão de
estar em Manaus ocorreu em
razão de lá ser uma região de
incentivo fiscal e por ser uma
plataforma de exportação para
abastecer os mercados da América do Sul", diz.
No site da Suframa, consta
que a Recofarma faturou R$
1,95 bilhão em 2005 -ou 22,4%
do total divulgado pela Coca
(R$ 8,7 bilhões)- e gerou 154
empregos. No ano passado, o
faturamento foi de R$ 2,44 bilhões, com 155 funcionários.
"Independentemente de
quanto tenha sido a eventual
renúncia fiscal, isso é legal.
Existe um planejamento para
operar naquela região e faz parte da visão de investimento que
existe para a região da Amazônia no Brasil. Nós, como qualquer outra empresa correta,
trabalhamos dentro do que é
legal e ético", afirma Simões.
A Abir (Associação Brasileira
das Indústrias de Refrigerantes
e de Bebidas Não-Alcoólicas)
afirma que a existência da Zona
Franca de Manaus é uma decisão de governo e que qualquer
indústria pode se instalar lá e se
beneficiar de incentivos.
"A existência da Zona Franca
de Manaus é uma decisão de
governo que teve e tem por objetivo fomentar o crescimento
econômico e o desenvolvimento daquela região por meio da
concessão de uma série de vantagens fiscais para as indústrias, em seus diversos segmentos. Qualquer fabricante, de
qualquer porte, filiado ou não à
Abir, pode usufruir desse benefício. Tanto isso é verdade que
fabricantes de refrigerantes, filiados à Afrebras, estão instalados na região", afirma Hoche
Pulcherio, presidente da Abir,
em nota encaminhada à Folha.
A AmBev, proprietária da
Arosuco, preferiu não comentar a política de incentivos fiscais da ZFM. A Pepsi não se
pronunciou até o fechamento
desta edição, apesar de a reportagem ter procurado duas assessorias que prestam serviços
de comunicação à companhia.
A Receita Federal afirma que
a renúncia fiscal de IPI prevista
para este ano na Zona Franca é
da ordem de R$ 4,5 bilhões nas
operações internas.
Essa renúncia, segundo informa a Receita, decorre de benefício fiscal assegurado em
norma constitucional, e não cabe à instituição contestá-la.
Ao ser questionada sobre o
fato de três empresas -Recofarma, Pepsi-Cola e Arosuco-
empregarem 236 funcionários
e terem benefício fiscal de R$
1,16 bilhão no ano passado, a
Receita Federal afirma que "a
legislação que trata do benefício, como, em regra, para todos
os demais em vigor, não vincula seu gozo ao nível de mão-de-obra direta empregada, mas, no
caso da ZFM, à utilização de
percentuais significativos de
insumos nacionais".
Para a Receita, a decisão para
instalação ou não na ZFM "é de
natureza empresarial. Ademais
dos benefícios fiscais, são analisados, entre outros aspectos,
logística, inclusive custos de
transporte, mercado consumidor, disponibilidade de mão-de-obra etc. Observa-se que
quase a totalidade do parque
fabril nacional está fora da
ZFM; logo a afirmativa não pode ser generalizada".
(CLAUDIA ROLLI e FÁTIMA FERNANDES)
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