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Vale acusa ex-executivo de violar acordo
Empresa brasileira pede devolução de R$ 1,44 milhão pago para que ex-funcionário não trabalhasse em concorrente
Geólogo, desde janeiro diretor mundial da área de mineração da
indiana Arcelor Mittal, nega desrespeito a quarentena
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A Companhia Vale do Rio
Doce move ação na Justiça do
Trabalho do Rio contra José
Francisco Martins de Viveiros,
diretor de Ferrosos do Sistema
Sul da empresa até março de
2005. Ela acusa o executivo de
ter desrespeitado quarentena
de um ano, acordada na rescisão contratual, para atuar na gigante Arcelor Mittal, importante cliente da brasileira.
Geólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Viveiros é o diretor mundial da área de mineração da
Arcelor Mittal, desde janeiro. A
Vale afirma que ele prestou
consultoria à empresa estrangeira antes de expirar o período, em março de 2006. Segundo Viveiros, a informação "não
é verdadeira". Ele diz que cumpriu o que foi acordado.
Ao deixar a mineradora, Viveiros assinou "termo de confidencialidade e outras avenças",
em que se comprometia a não
trabalhar para outra firma do
setor por um ano. O acordo lhe
garantiu o pagamento de 36 salários básicos, o que totalizou
R$ 1,44 milhão -recebia R$ 40
mil mensais, à época.
A mineradora brasileira pede
que o executivo devolva o montante pago, com juros e correção monetária (R$ 1,52 milhão,
corrigido pelo IGP-M, ou R$
1,57 milhão, segundo o IPCA).
Requer ainda à Justiça a quebra
do sigilo fiscal de Viveiros e da
Viable Consultoria, na qual ele
era sócio, nos exercícios de
2005 e 2006, e o pagamento de
honorários advocatícios.
O acordo -também conhecido como "non-compete"- tem
o objetivo de evitar que informações estratégicas e confidenciais de uma firma sejam
repassadas a concorrentes por
profissionais com acesso a esses dados.
Na ação, a Vale afirma que Viveiros assinou inicialmente
contrato de confidencialidade
em 2001, quando passou a ser
membro da administração da
mineradora. O compromisso,
que valeria por 12 meses após
sua saída do conselho, foi renovado em 14 de março de 2005,
ocasião da sua demissão.
"O réu, rompendo o que fora
ajustado com a autora, ajuste
esse que lhe valeu o pagamento
de quantia correspondente a
US$ 700 mil, (...) prestou serviços à Arcelor certamente no período em que se obrigou a não
trabalhar para qualquer empresa concorrente ou cliente. A
Arcelor Brasil vem a ser a maior
empresa de siderurgia da América Latina e grande cliente da
autora, estando entre as maiores adquirentes de minério de
ferro", afirma a Vale.
Maior siderúrgica
Em sua página na internet, a
Arcelor Mittal se apresenta como a principal siderúrgica no
mundo, com 320 mil funcionários em mais de 60 países. A indiana compra da Vale minério
de ferro, principal insumo utilizado na produção do aço.
"Por óbvio que, ao trabalhar
como consultor da empresa
que adquire grande parte da
produção da autora, o réu violou o contrato de confidencialidade. Acresce que em janeiro o
réu assumiu a presidência da
área de minério de ferro e carvão da Arcelor Mittal, que já
produz 70 milhões e toneladas
de minério", escrevem os advogados da Vale do Rio Doce.
A Mittal foi a última grande
cliente da Vale a fechar o percentual de reajuste anual no
preço do minério, o que só
ocorreu neste mês.
Segundo a ação da Vale, o valor total da rescisão de Viveiros
foi de R$ 1,637 milhão, incluídas as obrigações trabalhistas.
Ele recebeu o valor líquido de
R$ 1,188 milhão, descontados
os impostos.
O geólogo entrou na mineradora brasileira em fevereiro de
1975. Depois, presidiu a Docegeo (Rio Doce Geologia e Mineração, do grupo Vale) e integrou o conselho de administração de MRS Logística, Samarco
Mineração S.A. e Fertilizantes
Fosfatados S.A., além de ter sido diretor-presidente da Pará
Pigmentos S.A.
Sua última atividade na Vale
foi como diretor de Ferrosos do
Sistema Sul, a partir de abril de
2001. Ele respondia por todas
as minas de ferro em Minas Gerais, com produção anual de
100 milhões de toneladas.
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