|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundos propõem mudança tributária ao governo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante da pressão para reduzir taxas de administração e
elevar a rentabilidade para se
manter competitiva em relação
à poupança, a indústria de fundos de investimento encaminhou ao governo um estudo
propondo medidas para simplificar a sua tributação.
Segundo a Anbid (Associação
dos Bancos de Investimento),
as alterações teriam impacto
"quase zero" na arrecadação do
governo, mas permitiriam aos
fundos manterem-se competitivos e ainda viabilizariam a
captação de recursos hoje necessários para financiar empresas e a economia.
Uma das propostas é tornar
anual o come-cotas, o mecanismo semestral de recolhimento
de Imposto de Renda na fonte
que encolhe o volume aplicado
pelo cotista nos fundos. Também defendem a isenção de
Imposto de Renda para os investidores estrangeiros nos
fundos -hoje, a isenção é para
aplicação direta em títulos públicos ou só para os fundos que
tenham 98% de títulos.
A indústria defende ainda o
fim do prazo de carência de um
ano para fundos recém-abertos
terem direito à tributação escalonada, que vai de 15% a 22,5%.
"Quando a gente fala em
aprimorar a tributação, sempre
fica aquela coisa de que a Anbid
quer isenção. Não é isso. A gente defende que a tributação seja
a mais neutra possível. Isso evita que o investidor vá buscar na
tributação o principal fator para fazer o seu investimento, e
não na relação entre risco e retorno", disse Marcelo Giufrida,
presidente da Anbid.
Quase duas semanas depois
de o governo anunciar a tributação na poupança, os gestores
de fundos continuam sem saber como será o benefício tributário temporário que terão
para não perder investidores
para a poupança. À época, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a anunciar que os
fundos teriam alíquota de 15%
de IR -hoje, chega a 22,5%. A
indústria aguarda um desfecho
antes da próxima reunião do
Copom, em junho.
O governo, por sua vez, espera que os fundos baixem custos
e taxas de administração antes
de regulamentar a redução nos
impostos. A Anbid sustenta que
vem reduzindo as taxas de administração -diz que elas caíram 30% desde 2000- e que os
novos fundos chegam ao mercado com custos ainda menores. Para a associação, mais do
que os juros menores, a redução das taxas acontece por conta do ganho de escala.
"Talvez o governo não esteja
seguro sobre até que nível as taxas de juros podem ir e tampouco sobre as mudanças que
eles podem fazer. Me parece
que a decisão da poupança está
mais cristalizada. Acredito que
eles estão avaliando como o investidor reage", disse Giufrida.
Para o presidente da Anbid,
"é fato" que a poupança até R$
50 mil ficou mais interessante
do que vários fundos com taxas
de administração elevada, mas
essa competição deve estimular a indústria a oferecer produtos mais sofisticados.
"Nos demais segmentos, a
competição [continua]. No ano
passado, tivemos a competição
com os CDBs. O gestor [terá de]
correr mais [risco], ficar mais
competente, mais criativo e
atraente para o investidor."
Segundo Luis Stuhlberger,
gestor da Hedging Griffo/Crédit Suisse, a mudança na poupança afeta uma parcela importante da classe média brasileira. Ele lembra que, embora
pequeno, o percentual de 0,7%
dos investidores com R$ 50 mil
a R$ 100 mil da poupança representa R$ 40 bilhões em recursos. Para Stuhlberger, trazer esse investidor para os fundos é hoje um desafio.
Texto Anterior: Planalto deve adiar projeto sobre poupança Próximo Texto: Frase Índice
|