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FRAUDES DO CAPITAL
Bolsas da Ásia e da Europa e teles sofrem perdas pesadas; fraude contábil pode levar WorldCom à concordata
Nova megafraude nos EUA abala mercados
DA REDAÇÃO
A revelação da fraude contábil
de US$ 3,8 bilhões na WorldCom,
a empresa norte-americana de telecomunicações que controla a
Embratel, deu um duro golpe no
já reduzido apetite por negócios
de risco (Brasil entre eles) dos investidores internacionais.
As Bolsas de todo o planeta enfrentaram um dia de pânico. As
empresas de telecomunicações lideraram as perdas. O dólar se desvalorizou ainda mais, e o euro
chegou a quase US$ 1, num sinal
de descrédito em relação à economia dos EUA.
Depois do colapso da Enron, até
o ano passado a maior empresa
energética do planeta, agora uma
das maiores teles está prestes a pedir concordata. O preço de cada
ação da WorldCom, que chegou a
valer US$ 90 em 1999, no auge da
bolha das empresas tecnológicas,
desabou ontem para US$ 0,09, antes de os negócios com os papéis
serem suspensos.
O escândalo deixa a WorldCom, que já enfrentava problemas de caixa, numa situação ainda mais delicada. A companhia
vinha tentando levantar US$ 5 bilhões em novos recursos com os
bancos norte-americanos, mas o
acordo já estaria morto, de acordo
com uma pessoa familiar às negociações. Sem o empréstimo, necessário para saldar os serviços da
dívida de US$ 30 bilhões, a concordata seria inevitável.
Efeito dominó
A Nasdaq, Bolsa em que as
ações da WorldCom eram negociadas, desabou para o seu menor
nível em três anos e meio no início
do pregão. Mas, ao longo do dia,
recuperou as perdas e fechou com
ligeira alta, devido à compra de
papéis tidos como baratos.
"O mercado de ações se transformou em uma experiência semelhante a fazer uma aposta com
um trapaceiro", disse Charles
White, diretor de investimentos
da corretora Avatar Associates.
"Quando as pessoas não acreditam na lisura do jogo, elas não
apostam. Essa é a crise de confiança com a qual nos debatemos."
Os mercados asiáticos e europeus se anteciparam aos efeitos
que o escândalo teria no mercado
norte-americano e tiveram grandes perdas, descendo aos menores níveis em oito meses.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 4% e sofreu o maior
tombo desde setembro, quando
os mercados foram afetados pelos
ataques terroristas a Nova York e
Washington. A Bolsa de Londres
chegou a cair até 4%, antes de fechar com retração de 2,16%.
As ações da Alcatel, uma das
maiores empresas de equipamentos de telecomunicações, caíram
16,5% na Bolsa de Paris. Os papéis
da France Telecom caíram 8%
ontem e já perderam 70% de seu
valor nos últimos três meses. A
norte-americana Qwest, cuja contabilidade passar por investigações, desabou 57% no dia.
O novo escândalo corporativo
norte-americano atingiu também
os papéis dos bancos credores da
WorldCom e de vários fornecedores de equipamentos de telecomunicações. As ações do banco JP
Morgan caíram 5,5% e as do Citigroup, 6%. Já a Lucent, fabricante
de equipamentos, perdeu 18,7%.
Depois de o escândalo vir à tona, as principais agências de classificação de crédito rebaixaram a
WorldCom. Mas a ação teve pouco efeito, porque os papéis da
companhia já eram considerados
"junk bonds" (de elevado risco).
Até a noite de ontem, a WorldCom não havia informado se irá
pedir concordata, a fim de evitar a
falência. Mas a empresa já anunciou que cortará 17 mil funcionários (20% do pessoal).
Com agências internacionais
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