São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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FRAUDES DO CAPITAL

Investidor teme possibilidade de fraude contábil levar WorldCom, controladora da empresa, à falência

Ações da Embratel despencam 25,52%

ISABEL CAMPOS
LÁSZLÓ VARGA

DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Embratel despencaram ontem devido à possibilidade de que a sua controladora, a americana WorldCom, possa falir. A cotação da Embratel Participações PN fechou em R$ 2,13, com queda de 25,52%, e a ON, em R$ 3,10, (-16,66%). Nos Estados Unidos, os ADRs (American Depositary Receipts) terminaram o dia em US$ 1,02 (-21,54%).
As ações despencaram devido ao anúncio da WorldCom, feito na terça-feira, de que há um rombo em seu balanço de US$ 3,8 bilhões. Analistas do mercado acham que esse pode ser mais um grande caso de fraude contábil, semelhante ao revelado no ano passado, envolvendo a Enron.
A Embratel, explica Alexandre Silvério, gestor da GAP Asset Management, também não está em posição confortável. Embora seja líder no segmento de transmissão de dados de longa distância, está muito endividada. Sem a ajuda da controladora, deverá ser vendida por um valor muito baixo ou voltar para o governo federal.
Nos Estados Unidos, as ações da WorldCom fecharam em US$ 0,09, arrastando, além da Embratel, empresas de telecomunicações de todo mundo. A expectativa de analistas é que a contaminação ainda possa continuar por alguns dias, mas que se dissipará após algumas semanas.
Para especialistas, o atual momento favorece até mesmo a compra de papéis de empresas de telecomunicações. O banco Pactual, por exemplo, decidiu manter a recomendação de alguns papéis de telefonia celular.
"Desde o início do ano, as ações da Telemig, Tele Nordeste e Tele Centro-Oeste desvalorizaram 35%, 21% e 26,6%, respectivamente. São papéis que devem se valorizar nos próximos meses", afirmou André Gadelha, analista da instituição.
Um dos motivos que favoreceriam a alta das ações das empresas seriam as mudanças que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estaria preparando para aliviar as regras que as empresas devem obedecer para adotar o Serviço Móvel Pessoal (SMP). Esse sistema possibilita que o usuário escolha a operadora de ligações de longa distância.
Atualmente, quase todas as operadoras utilizam o Serviço Móvel Celular (SMC), que obriga os consumidores a usar a rede da própria operadora.
Para Virgilio Freire, consultor-chefe da Brisa, existem riscos de queda nas ações das operadoras de longa distância em vários países. "Essa crise, no entanto, não deve chegar ao Brasil."



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