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Brasil cresce 1,5% em 2002, diz Armínio
ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
O Fundo Monetário Internacional (FMI) não abandonará o Brasil. Esta foi a principal mensagem passada ontem pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a investidores externos, em palestra organizada pelo Deutsche Bank
em Londres. Apesar de ter afirmado que a economia brasileira
vai bem, Fraga admitiu que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá
crescer apenas 1,5% em 2002.
Para tentar acalmar os ânimos
dos cerca de 150 investidores presentes à palestra, Fraga disse repetidas vezes que o FMI continuará
apoiando o próximo governo
brasileiro, caso mantenha a atual
orientação macroeconômica e o
compromisso com uma política
fiscal responsável.
Fraga chegou a mencionar que
o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, se comprometeu a manter responsabilidade fiscal, contratos assumidos e controle da inflação.
Fraga voltou a usar uma metáfora relacionada à Copa do Mundo para ressaltar sua crença de que o próximo presidente vai reconhecer que o Brasil está no rumo certo e vai manter a atual orientação econômica.
"É como se você estivesse com a
bola de frente para o goleiro que
está caído no chão. Você vai fazer
o gol ou furar a bola?", disse.
Em resposta a um investidor,
Fraga afirmou que as recentes declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Paul O'Neil-que se mostrou contrário a novos empréstimos ao Brasil- não surpreendem. Segundo ele, todos sabem que essa é a
orientação da atual administração de George W. Bush.
"Mas não tenho dúvidas de que, se as políticas adotadas forem as
corretas, o FMI continuará apoiando o país".
Contas externas
Respondendo a uma pergunta,
Fraga disse que o governo tem
condições de resistir às atuais taxas de risco-país, sem problemas
de financiamento, até o ano que
vem. Segundo Fraga, o país recebeu um bom fluxo de investimentos diretos nos primeiros cinco
meses deste ano. Mas ressaltou
que esse número diminuirá a partir de agora e deverá estacionar
em algo próximo a US$ 1 bilhão
por mês.
Ele revelou também que, devido
à atual crise de confiança, a economia brasileira deverá crescer
entre 1,5% e 2% este ano. A estimativa anterior do governo era
entre 2% e 2,5%.
Ele também mencionou a relação de, aproximadamente, 55%
entre a dívida pública e o PIB-
um dos temas que mais preocupa
o mercado agora-, explicando
que este percentual não deverá
aumentar muito daqui para a
frente. Isso porque, segundo ele, é
improvável que a taxa de câmbio
se desvalorize muito mais em termos reais e afete a dívida.
Fraga chegou ontem em Londres. Assistiu a partida entre Brasil e Turquia na casa do embaixador Celso Amorim. Na palestra,
mencionou em tom de brincadeira uma frase que, segundo ele, é
de um amigo. "O Brasil nunca é
tão bom quanto parece, nem tão
ruim quanto parece".
E pediu aos investidores: "Por
favor, tenham em mente as coisas
importantes que temos feito".
Depois da palestra, Fraga teve
um encontro fechado com importantes investidores e, à noite,
jantou com banqueiros. Hoje, o
presidente do BC tomará café da
manhã com o diretor de política
macroeconômica do Tesouro britânico, Gus O'Donnel. Depois, seguirá para Paris onde enfrentará nova rodada de encontros com investidores.
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