São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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Brasil cresce 1,5% em 2002, diz Armínio

ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

O Fundo Monetário Internacional (FMI) não abandonará o Brasil. Esta foi a principal mensagem passada ontem pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a investidores externos, em palestra organizada pelo Deutsche Bank em Londres. Apesar de ter afirmado que a economia brasileira vai bem, Fraga admitiu que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer apenas 1,5% em 2002.
Para tentar acalmar os ânimos dos cerca de 150 investidores presentes à palestra, Fraga disse repetidas vezes que o FMI continuará apoiando o próximo governo brasileiro, caso mantenha a atual orientação macroeconômica e o compromisso com uma política fiscal responsável.
Fraga chegou a mencionar que o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, se comprometeu a manter responsabilidade fiscal, contratos assumidos e controle da inflação.
Fraga voltou a usar uma metáfora relacionada à Copa do Mundo para ressaltar sua crença de que o próximo presidente vai reconhecer que o Brasil está no rumo certo e vai manter a atual orientação econômica.
"É como se você estivesse com a bola de frente para o goleiro que está caído no chão. Você vai fazer o gol ou furar a bola?", disse.
Em resposta a um investidor, Fraga afirmou que as recentes declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Paul O'Neil-que se mostrou contrário a novos empréstimos ao Brasil- não surpreendem. Segundo ele, todos sabem que essa é a orientação da atual administração de George W. Bush.
"Mas não tenho dúvidas de que, se as políticas adotadas forem as corretas, o FMI continuará apoiando o país".

Contas externas
Respondendo a uma pergunta, Fraga disse que o governo tem condições de resistir às atuais taxas de risco-país, sem problemas de financiamento, até o ano que vem. Segundo Fraga, o país recebeu um bom fluxo de investimentos diretos nos primeiros cinco meses deste ano. Mas ressaltou que esse número diminuirá a partir de agora e deverá estacionar em algo próximo a US$ 1 bilhão por mês.
Ele revelou também que, devido à atual crise de confiança, a economia brasileira deverá crescer entre 1,5% e 2% este ano. A estimativa anterior do governo era entre 2% e 2,5%.
Ele também mencionou a relação de, aproximadamente, 55% entre a dívida pública e o PIB- um dos temas que mais preocupa o mercado agora-, explicando que este percentual não deverá aumentar muito daqui para a frente. Isso porque, segundo ele, é improvável que a taxa de câmbio se desvalorize muito mais em termos reais e afete a dívida.
Fraga chegou ontem em Londres. Assistiu a partida entre Brasil e Turquia na casa do embaixador Celso Amorim. Na palestra, mencionou em tom de brincadeira uma frase que, segundo ele, é de um amigo. "O Brasil nunca é tão bom quanto parece, nem tão ruim quanto parece".
E pediu aos investidores: "Por favor, tenham em mente as coisas importantes que temos feito".
Depois da palestra, Fraga teve um encontro fechado com importantes investidores e, à noite, jantou com banqueiros. Hoje, o presidente do BC tomará café da manhã com o diretor de política macroeconômica do Tesouro britânico, Gus O'Donnel. Depois, seguirá para Paris onde enfrentará nova rodada de encontros com investidores.



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