São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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Fundos de alto risco registram perdas maiores

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos agressivos, que investem em mercados de derivativos e fazem alavancagem (aplicam mais do que o patrimônio líquido), estão sofrendo pesadas perdas neste mês em consequência das turbulências do mercado.
O prejuízo atinge, indistintamente, instituições grandes e pequenas, nacionais e estrangeiras e fundos de varejo e exclusivos. As perdas são resultado de erros de gestão das carteiras e dos efeitos colaterais das novas regras de contabilização dos fundos de investimento, e devem continuar, na opinião de gestores ouvidos pela Folha.
Segundo dados do site Fortuna, 50 fundos classificados como multimercados e 12 fundos balanceados acumulam rentabilidade negativa superior a 5% até o dia 24 deste mês.
Esse foi o maior percentual de perda que sofreram os fundos DI e de renda fixa no momento da "marcação a mercado", a nova regra de contabilização dos fundos de investimento em vigor desde o final de maio.
Os fundos de alto risco, porém, estão impondo aos cotistas prejuízos muito maiores do que os amargados pelos cotistas dos DI e renda fixa. Há fundos como o Fintex, um fundo multimercado aberto a qualquer investidor, da corretora Multistock, com perda de 35,03% no mês. O fundo exclusivo (fechado ao público) Sul América Empresas 3, da Sul América Investimentos, com perda de 55,57%.
Segundo Roberto Pitta, diretor comercial da Mellon Brascan Asset Management, os prejuízos dos fundos que operam com derivativos (aplicam em mercados futuros de juros, Bolsa e câmbio) na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) devem-se em parte à aposta errada de gestores que esperavam a queda da taxa básica de juros, a Selic, mas o Copom decidiu mantê-la em 18,5% ao ano na reunião da semana passada.
Ao mesmo tempo, os juros no mercado futuro da BM&F dispararam. Ontem, os contratos futuros de DI para janeiro de 2003, os mais negociados, fecharam cotados a 25,12% ao ano. No início do mês estavam em torno de 21% e quem apostou na baixa perdeu.
Além disso, segundo Pitta, assim como as demais categorias de fundos, os multicarteiras e balanceados estão sofrendo os efeitos da falta de liquidez dos títulos do governo. "Ninguém quer comprar papéis públicos federais no mercado secundário; o volume de negócios caiu e, em consequência, o prêmio [taxa de juro] do papel aumentou", diz ele.
O problema é que a cotação média da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), que é o referencial para o gestor contabilizar seus papéis diariamente, tem ficado acima dos preços do mercado.
"O resultado é uma marcação irrealista que atinge todas as categorias de fundos", diz ele.
Por isso, alguns gestores preferem marcar os títulos em carteira de acordo com os preços negociados pela instituição, no dia. Mas quem segue o referencial oficial pode estar lançando perdas debaixo do tapete.



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