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Fundos de alto risco registram perdas maiores
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos agressivos, que investem em mercados de derivativos e fazem alavancagem (aplicam mais do que o patrimônio líquido), estão sofrendo pesadas perdas neste mês em consequência das turbulências do mercado.
O prejuízo atinge, indistintamente, instituições grandes e pequenas, nacionais e estrangeiras e fundos de varejo e exclusivos. As perdas são resultado de erros de gestão das carteiras e dos efeitos colaterais das novas regras de
contabilização dos fundos de investimento, e devem continuar,
na opinião de gestores ouvidos pela Folha.
Segundo dados do site Fortuna, 50 fundos classificados como
multimercados e 12 fundos balanceados acumulam rentabilidade
negativa superior a 5% até o dia
24 deste mês.
Esse foi o maior percentual de
perda que sofreram os fundos DI
e de renda fixa no momento da
"marcação a mercado", a nova regra de contabilização dos fundos
de investimento em vigor desde o
final de maio.
Os fundos de alto risco, porém,
estão impondo aos cotistas prejuízos muito maiores do que os
amargados pelos cotistas dos DI e
renda fixa. Há fundos como o Fintex, um fundo multimercado
aberto a qualquer investidor, da
corretora Multistock, com perda
de 35,03% no mês. O fundo exclusivo (fechado ao público) Sul
América Empresas 3, da Sul América Investimentos, com perda de
55,57%.
Segundo Roberto Pitta, diretor
comercial da Mellon Brascan Asset Management, os prejuízos dos
fundos que operam com derivativos (aplicam em mercados futuros de juros, Bolsa e câmbio) na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) devem-se em parte à
aposta errada de gestores que esperavam a queda da taxa básica
de juros, a Selic, mas o Copom decidiu mantê-la em 18,5% ao ano
na reunião da semana passada.
Ao mesmo tempo, os juros no mercado futuro da BM&F dispararam. Ontem, os contratos futuros de DI para janeiro de 2003, os mais negociados, fecharam cotados a 25,12% ao ano. No início do mês estavam em torno de 21% e quem apostou na baixa perdeu.
Além disso, segundo Pitta, assim como as demais categorias de fundos, os multicarteiras e balanceados estão sofrendo os efeitos da falta de liquidez dos títulos do governo. "Ninguém quer comprar papéis públicos federais no mercado secundário; o volume de negócios caiu e, em consequência, o prêmio [taxa de juro] do papel aumentou", diz ele.
O problema é que a cotação média da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), que é o referencial para o gestor contabilizar seus papéis diariamente, tem ficado acima dos preços do mercado.
"O resultado é uma marcação irrealista que atinge todas as categorias de fundos", diz ele.
Por isso, alguns gestores preferem marcar os títulos em carteira
de acordo com os preços negociados pela instituição, no dia. Mas
quem segue o referencial oficial pode estar lançando perdas debaixo do tapete.
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