São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

Guilherme Barros

Consultor vê paradoxo no 2º governo de Lula

A quatro meses das eleições presidenciais, e com as pesquisas de opinião apontando a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os analistas em geral têm sido muito pessimistas para o segundo mandato.
As previsões são de falta de apoio no Congresso e paralisia legislativa, o que tornaria difícil a governabilidade. Há analistas que consideram até a possibilidade de impeachment.
O economista José Márcio Camargo, da Tendências, discorda. Em texto intitulado "O paradoxo do segundo mandato", com o objetivo de avaliar a probabilidade de a atual paralisia legislativa se perpetuar durante um possível segundo mandato, ele afirma que a perspectiva de um segundo governo Lula não parece ser tão pessimista quanto se tem sugerido.
Para o economista, esse cenário pessimista, de conflitos permanentes no Congresso e de pequeno apoio parlamentar, seria viável caso o PT saia fortalecido das eleições e o senador Aloizio Mercadante vença a eleição paulista. Essa hipótese, a seu ver, não é a mais provável.
No cenário mais provável, no qual o PT sai enfraquecido e o ex-prefeito José Serra vence as eleições em São Paulo, Camargo diz que se deve esperar um segundo mandato muito menos conturbado e com apoio parlamentar ainda mais sólido do que o primeiro.
Para se fortalecer politicamente, afirma Camargo, "o presidente precisa que seu partido se enfraqueça, e esse é o paradoxo do segundo mandato".
O problema, segundo o economista, é que a eleição de Mercadante em São Paulo fortaleceria o PT e o tornaria o candidato natural à sucessão em 2010, o que dificultaria uma aproximação de Lula com o governador mineiro, Aécio Neves.
Já na hipótese de Lula e Serra eleitos, o PT se enfraqueceria e o governo teria mais chances de contar com o apoio de Aécio.

PORTFÓLIO 5 ESTRELAS

A RCI, empresa de intercâmbio de férias, acaba de adicionar o Marina Palace (Leblon, Rio) a seu portfólio. Com o negócio, o hotel fechará contratos de 10 a 15 anos com turistas de todo o mundo. No outra mão, quem compra o pacote pode hospedar-se em uma rede internacional de 4.000 hotéis e resorts de alto padrão. No Brasil, há 70 hotéis no sistema. "Com o Marina, esperamos um incremento de 15% no negócio", diz Alejandro Moreno, diretor da RCI no Brasil. Em todo o mundo, a empresa movimenta US$ 10 bilhões por ano.

PASTA & NEGÓCIOS

Apaixonado por gastronomia, o ex-executivo Mauro Maia deixou a carreira de mais de 25 anos na indústria química e farmacêutica para se dedicar à cozinha. O chef comemora o quarto ano de seu restaurante Supra. A casa, que tem Guido Mantega como cliente -e foi cenário da comemoração da posse do ministro-, acolhe o mundo dos negócios. Além de um ambiente para o consumo de charutos, o restaurante tem uma sala VIP para almoços e jantares de negócios, usada para abrigar reuniões de executivos, principalmente, de bancos. Segundo Maia, a criação do espaço para reuniões é "uma herança da experiência com o marketing, que faz pensar em criar pontos de diferenciação".

PARINTINS
A Coca-Cola investiu R$ 5 milhões no festival de Parintins (AM), que começa na sexta. Entre as ações, está o aluguel do Iberostar Grand Amazon, barco-hotel cinco estrelas que navegará com 120 convidados VIPs.

EFEITO CÂMBIO
O dólar baixo continua a afetar o setor de plásticos transformados. Em maio, as importações atingiram o recorde de US$ 127,1 milhões, enquanto as exportações ficaram em US$ 101,3 milhões -altas de 21,4% e 6,7%, sobre abril, respectivamente. O valor acumulado até maio das importações mostra que, entre 2002 e 2006, há um crescimento médio anual de 18%. No mesmo período, as exportações avançaram 24,3% ao ano, em média. A análise é da MaxiQuim Assessoria de Mercado.

TV DIGITAL
O governo deve assinar mesmo na quinta o acordo para a adoção no país do padrão japonês de TV digital. O decreto já está pronto no Palácio do Planalto. Nos últimos dias, no entanto, alguns setores do governo manifestaram um certo descontentamento com os negociadores japoneses, depois de ter ficado claro a escolha do padrão da TV digital. Os japoneses começaram a endurecer as negociações e a exigir algumas vantagens adicionais. Entre eles, a isenção tributária para a instalação da fábrica de semicondutores e o aumento das importações de peças do Japão para a TV. Há até quem defenda, dentro do governo, o adiamento da assinatura do acordo com o país, uma decisão que não conta com o apoio do ministro Hélio Costa (Comunicações).

INFRA-ESTRUTURA
O presidente Lula quer que as tão prometidas PPPs saiam do papel de qualquer jeito, o que não aconteceu até agora. Hoje, Dilma Rousseff e Guido Mantega se reúnem para acertar a criação do fundo de infra-estrutura, uma alavanca cujo único objetivo é o de destravar as PPPs. O fundo deverá ser usado no segundo mandato.

MICROEMPRESA
A rentabilidade das vendas do comércio (lucro liquido/faturamento) é maior nas micro e pequenas empresas do que nas grandes. Nos últimos seis anos, a rentabilidade média desses tipos de empresa do comércio foi de 3,5%, e das grandes, de 1,5%. O endividamento bancário também é pequeno: 36% das empresas do comércio, 35% da indústria e 41% do serviço têm dívida entre zero e 40%, índice considerado baixo. Os dados constam de estudo que a Serasa divulgará amanhã, em São Paulo, no lançamento da campanha Micro e Pequenas Empresas: Plataforma para Novos Negócios.

CONTRA-SENSO
Apesar da crise, a Varig continua vendendo o seu programa Smiles como se nada estivesse acontecendo. Segundo a empresa, o programa de fidelidade está funcionando normalmente para as rotas disponíveis.

ELEIÇÕES
Wagner Kamakura (Universidade de Duke, nos EUA) e José Afonso Mazzon (FIA) apresentam amanhã, às 9h30, na USP, um sistema de previsão de votos para o segundo turno das eleições.

PEDRA DURA
A Abirochas (associação de rochas ornamentais) e 34 empresas brasileiras expuseram na Coverings 2006, feira de rochas, em Orlando (EUA), mais de 470 tipos de minerais, para cerca de 30 mil visitantes.

RUMOS
Marcel Solimeo (ACSP) e Wilson Melo Netto (Wal-Mart) falam amanhã sobre os rumos da economia, no Fórum de Tendências Aliança do Brasil, a partir das 8h30 no hotel Intercontinental, em São Paulo.

LIXO ÚTIL
A AmBev, organizadora do Skol Beats, destinou mais de 14 toneladas de resíduos gerados no evento -realizado em maio-, incluindo copos de plástico, latas, papéis, garrafas PET e material de cenografia, para reciclagem.


Próximo Texto: Agência de aviação admite ação política
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.