São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Juros ao cliente bancário voltam a subir

Taxa anual para pessoa física, que estava em 56,1% anuais em maio, passou para 56,6% na média até o último dia 12

Turbulência no mercado é responsabilizada pelo aumento, após taxa ter caído no mês passado para menor patamar desde 1994


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas caíram pelo terceiro mês seguido em maio, segundo levantamento do Banco Central, mas voltaram a subir no começo deste mês, acompanhando a turbulência no mercado.
No mês passado, os bancos cobravam, em média, 56,1% ao ano nos financiamentos a pessoas físicas, taxa que, apesar de ainda elevada, é a menor desde que o BC começou a calculá-la, em julho de 1994. Em abril, a média estava em 57,8%.
Uma parcial fechada pelo BC no último dia 12, porém, já indicava uma nova alta dos juros, com a taxa média subindo para 56,6% ao ano. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, atribui a elevação à instabilidade do mercado financeiro nas últimas semanas, devido às dúvidas dos investidores quanto ao futuro dos juros praticados nos EUA.
Esse nervosismo provocou um aumento no custo de captação dos bancos, que é a taxa paga pelas instituições financeiras para tomar empréstimos no mercado. Esse maior custo foi repassado aos clientes.
Além disso, houve também uma ligeira alta do do chamado "spread" bancário -diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas pagas pelos clientes. Entre abril e maio, o "spread" dos empréstimos a pessoas físicas caiu de 43 pontos percentuais para 41,1 pontos, mas chegou a 41,3 pontos nos primeiros 12 dias de junho.
Lopes diz, porém, que a expectativa do BC é que, à medida que a volatilidade recue, os juros bancários voltem a cair. "Eu espero que a volatilidade diminua em breve", disse.
Segundo ele, os empréstimos a pessoas físicas são os mais afetados pela crise porque eles são, em sua quase totalidade, prefixados -ou seja, suas taxas são fixadas no momento da liberação do empréstimo. Assim, em momentos de nervosismo, os bancos tendem a elevar um pouco os juros cobrados para se protegerem de eventuais altas futuras nas taxas praticadas.
No caso dos créditos a empresas, boa parte das operações são pós-fixadas, corrigidas pelo câmbio ou algum indicador atrelado à Selic. Turbulências no curto prazo costumam afetar esse tipo de financiamento.
Entre abril e maio, os juros nos empréstimos a pessoas jurídicas recuaram de 30,6% ao ano para 29,7%. Neste mês, a média continuou caindo e ficou em 29,0% entre os dias 1º e 12.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) diz que a queda dos juros em maio reflete, "além do corte da taxa Selic de 1,25 ponto percentual de março a maio deste ano, o aumento sazonal da concessão de operações de crédito com taxas de juros mais baixas".
Segundo os números do BC, o volume de crédito disponível no país chegou a R$ 654,685 bilhões no mês passado -32,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Embora ainda esteja distante da relação observada em outros países, a proporção crédito/PIB está hoje no nível mais alto desde junho de 2001.


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