São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Petrobras passa controle de refinarias para a Bolívia

Estatal teve que contratar seguradora, que, segundo ela, será paga pela YPFB

Morales diz que encerrará contratos de empresa que não fizer investimentos; diretor da Petrobras afirma não haver previsão imediata

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras concluiu ontem a transferência de duas refinarias na Bolívia à estatal boliviana YPFB. A venda das duas unidades foi fechada por US$ 112 milhões em 10 de maio deste ano, depois que a companhia brasileira foi impedida de exportar petróleo reconstituído, o que garantia a rentabilidade do negócio.
A troca de comando das unidades só foi possível porque a Petrobras fez na última sexta-feira, quando ainda era a proprietária legal das refinarias, uma nova apólice de seguro que permitia a migração do contrato para a nova controladora.
Segundo o diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a estatal brasileira não arcará com o pagamento da apólice. As parcelas serão quitadas pela YPFB.
Para evitar uma demora na transferência, a estatal resolveu fazer a nova apólice com uma seguradora boliviana que aceitou manter o contrato. "Um outro seguro [feito pela YPFB] iria demorar mais de dez dias. Isso agregaria um risco que não é interessante para nenhum dos dois lados", disse o gerente-executivo do Cone Sul da Petrobras, Décio Odone.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales disse em cerimônia na refinaria de Guillermo Elder Bell, uma das duas readquiridas, que o controle das instalações foi apenas mais um passo nas nacionalizações no país. "Que não voltem nunca mais os traidores. Que nossas refinarias, nossos recursos naturais nunca mais sejam entregues às transnacionais."
Ele também afirmou que não estava "de acordo com a pena de morte", mas que era preciso "algum castigo se alguém pensar" em privatizar ou arrendar os recursos naturais do país.
Para quitar o negócio, falta apenas a Bolívia pagar a segunda parcela de US$ 56 milhões -a primeira foi paga no dia 11 deste mês. O prazo vence em 11 de agosto. A Petrobras entende que não há risco de inadimplência porque há uma carta de fiança bancária que garante a transação.
Para Odone, a Petrobras não teve prejuízos com o negócio -as refinarias foram adquiridas por US$ 102 milhões em 1999, um valor "irrisório", de acordo com Guillermo Aruquipa, presidente da YPFB.

Investimentos
Superado o processo de venda das refinarias, Cerveró disse que a companhia vai "centrar" a sua atuação na exploração e na produção de gás, que já concentrava 90% dos investimentos totais feitos na Bolívia -US$ 1,5 bilhão desde 1996.
O executivo afirmou, porém, que não dá para falar em novos investimentos. Ele não os descarta, mas diz que não há "nada programado no curto prazo".
Porém, segundo Morales, as empresas petrolíferas que não fizerem novos investimentos na Bolívia terão seus contratos encerrados. O país precisa de investimentos para aumentar as suas reservas de gás natural e garantir a entrega do produto para Brasil e Argentina.


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