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Petrobras passa controle de refinarias para a Bolívia
Estatal teve que contratar seguradora, que, segundo ela, será paga pela YPFB
Morales diz que encerrará contratos de empresa que não fizer investimentos;
diretor da Petrobras afirma não haver previsão imediata
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras concluiu ontem
a transferência de duas refinarias na Bolívia à estatal boliviana YPFB. A venda das duas unidades foi fechada por US$ 112
milhões em 10 de maio deste
ano, depois que a companhia
brasileira foi impedida de exportar petróleo reconstituído,
o que garantia a rentabilidade
do negócio.
A troca de comando das unidades só foi possível porque a
Petrobras fez na última sexta-feira, quando ainda era a proprietária legal das refinarias,
uma nova apólice de seguro que
permitia a migração do contrato para a nova controladora.
Segundo o diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a estatal brasileira
não arcará com o pagamento da
apólice. As parcelas serão quitadas pela YPFB.
Para evitar uma demora na
transferência, a estatal resolveu fazer a nova apólice com
uma seguradora boliviana que
aceitou manter o contrato.
"Um outro seguro [feito pela
YPFB] iria demorar mais de
dez dias. Isso agregaria um risco que não é interessante para
nenhum dos dois lados", disse o
gerente-executivo do Cone Sul
da Petrobras, Décio Odone.
Na Bolívia, o presidente Evo
Morales disse em cerimônia na
refinaria de Guillermo Elder
Bell, uma das duas readquiridas, que o controle das instalações foi apenas mais um passo
nas nacionalizações no país.
"Que não voltem nunca mais os
traidores. Que nossas refinarias, nossos recursos naturais
nunca mais sejam entregues às
transnacionais."
Ele também afirmou que não
estava "de acordo com a pena
de morte", mas que era preciso
"algum castigo se alguém pensar" em privatizar ou arrendar
os recursos naturais do país.
Para quitar o negócio, falta
apenas a Bolívia pagar a segunda parcela de US$ 56 milhões
-a primeira foi paga no dia 11
deste mês. O prazo vence em 11
de agosto. A Petrobras entende
que não há risco de inadimplência porque há uma carta de
fiança bancária que garante a
transação.
Para Odone, a Petrobras não
teve prejuízos com o negócio
-as refinarias foram adquiridas por US$ 102 milhões em
1999, um valor "irrisório", de
acordo com Guillermo Aruquipa, presidente da YPFB.
Investimentos
Superado o processo de venda das refinarias, Cerveró disse
que a companhia vai "centrar"
a sua atuação na exploração e
na produção de gás, que já concentrava 90% dos investimentos totais feitos na Bolívia
-US$ 1,5 bilhão desde 1996.
O executivo afirmou, porém,
que não dá para falar em novos
investimentos. Ele não os descarta, mas diz que não há "nada
programado no curto prazo".
Porém, segundo Morales, as
empresas petrolíferas que não
fizerem novos investimentos
na Bolívia terão seus contratos
encerrados. O país precisa de
investimentos para aumentar
as suas reservas de gás natural e
garantir a entrega do produto
para Brasil e Argentina.
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