São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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BC reduz projeção para a economia em 2009

Banco Central mantém previsão de crescimento, mas agora é de 0,8%, ante 1,2% no relatório divulgado há três meses

Avaliação é que setor de serviços seguirá puxando a economia; para o BC, IPCA deve ter ficar em 4,2%, dentro da meta prevista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu pela segunda vez sua projeção para o crescimento da economia neste ano, mas continua prevendo que, puxado pelo setor de serviços, o PIB (Produto Interno Bruto) de 2009 vai ter variação positiva, ao contrário da estimativa de boa parte dos analistas do setor privado.
O BC refaz suas previsões para a economia brasileira a cada três meses, quando divulga seu Relatório de Inflação. No texto publicado ontem, a projeção para o crescimento da economia caiu de 1,2% para 0,8%. No fim do ano passado, na primeira projeção feita para 2009, a estimativa estava em 3,2%.
Segundo o diretor de política econômica do BC, Mário Mesquita, a estimativa foi alterada devido aos resultados um pouco abaixo do esperado observados no primeiro trimestre, especialmente pelo setor industrial. Três meses atrás, o BC dizia esperar expansão de 0,1% para a indústria neste ano. Ontem, o cenário foi revisto e agora a expectativa é de uma retração de 2,2% nesse segmento.
O impacto dessa revisão sobre as projeções para o PIB só não foi maior porque o peso da indústria na economia brasileira, segundo o IBGE, é relativamente baixo, de aproximadamente 24%. Segundo o BC, o setor de serviços, que responde por 55% do PIB, deve crescer 2,1% neste ano, acima do 1,7% projetado em março último.
Para Mesquita, o efeito da queda dos juros ocorrida nos últimos meses -de janeiro até agora, a taxa Selic caiu de 13,75% para 9,25% ao ano- deve ser percebido de forma mais forte no segundo semestre deste ano, ajudando na retomada do crescimento.
Ele ressalta, porém, que uma piora na situação da economia mundial pode reverter essa tendência. "A sustentação da recuperação do Brasil não depende apenas de nós, depende também da evolução do cenário internacional", afirma.
Caso não haja surpresa maior, diz o economista, é possível acreditar que a pior fase da crise já tenha sido superada. "A maioria dos indicadores da atividade econômica aponta que o piso parece ter ocorrido na virada do ano", diz Mesquita.
Caso se concretize esse cenário de recuperação gradual da economia ao longo dos próximos meses, o BC estima que a inflação continuará dentro da meta fixada pelo governo. Segundo a instituição, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve registrar alta de 4,2% tanto neste ano como no ano que vem. A meta do governo é manter a alta de preços em 4,5%, admitindo um desvio de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O BC volta a insistir no impacto negativo que mecanismos de indexação ainda têm sobre a estabilidade de preços. O texto divulgado ontem ressalta que, mesmo com o PIB registrando retração por dois trimestres seguidos -entre outubro do ano passado e março passado-, a inflação de serviços ficou em 3,92% de janeiro a maio deste ano, superando os 3,10% observados no mesmo período de 2008.
O Banco Central se refere a reajustes embutidos, por exemplo, em contratos de aluguel e em mensalidades escolares, que, mesmo com a relativa estabilidade da inflação dos últimos anos, ainda costumam estar atrelados a índices de preços. Esse tipo de mecanismo, afirma o documento de ontem, acaba "contribuindo para elevar os riscos para o cenário inflacionário", pois contaminam os preços praticados no presente com aumentos ocorridos no passado.


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