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BC reduz projeção para a economia em 2009
Banco Central mantém previsão de crescimento, mas agora é de 0,8%, ante 1,2% no relatório divulgado há três meses
Avaliação é que setor de serviços seguirá puxando
a economia; para o BC,
IPCA deve ter ficar em 4,2%, dentro da meta prevista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu pela
segunda vez sua projeção para
o crescimento da economia
neste ano, mas continua prevendo que, puxado pelo setor
de serviços, o PIB (Produto Interno Bruto) de 2009 vai ter variação positiva, ao contrário da
estimativa de boa parte dos
analistas do setor privado.
O BC refaz suas previsões para a economia brasileira a cada
três meses, quando divulga seu
Relatório de Inflação. No texto
publicado ontem, a projeção
para o crescimento da economia caiu de 1,2% para 0,8%. No
fim do ano passado, na primeira projeção feita para 2009, a
estimativa estava em 3,2%.
Segundo o diretor de política
econômica do BC, Mário Mesquita, a estimativa foi alterada
devido aos resultados um pouco abaixo do esperado observados no primeiro trimestre, especialmente pelo setor industrial. Três meses atrás, o BC dizia esperar expansão de 0,1%
para a indústria neste ano. Ontem, o cenário foi revisto e agora a expectativa é de uma retração de 2,2% nesse segmento.
O impacto dessa revisão sobre as projeções para o PIB só
não foi maior porque o peso da
indústria na economia brasileira, segundo o IBGE, é relativamente baixo, de aproximadamente 24%. Segundo o BC, o
setor de serviços, que responde
por 55% do PIB, deve crescer
2,1% neste ano, acima do 1,7%
projetado em março último.
Para Mesquita, o efeito da
queda dos juros ocorrida nos
últimos meses -de janeiro até
agora, a taxa Selic caiu de
13,75% para 9,25% ao ano- deve ser percebido de forma mais
forte no segundo semestre deste ano, ajudando na retomada
do crescimento.
Ele ressalta, porém, que uma
piora na situação da economia
mundial pode reverter essa
tendência. "A sustentação da
recuperação do Brasil não depende apenas de nós, depende
também da evolução do cenário internacional", afirma.
Caso não haja surpresa
maior, diz o economista, é possível acreditar que a pior fase da
crise já tenha sido superada. "A
maioria dos indicadores da atividade econômica aponta que o
piso parece ter ocorrido na virada do ano", diz Mesquita.
Caso se concretize esse cenário de recuperação gradual da
economia ao longo dos próximos meses, o BC estima que a
inflação continuará dentro da
meta fixada pelo governo. Segundo a instituição, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) deve registrar alta de
4,2% tanto neste ano como no
ano que vem. A meta do governo é manter a alta de preços em
4,5%, admitindo um desvio de
até dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O BC volta a insistir no impacto negativo que mecanismos de indexação ainda têm
sobre a estabilidade de preços.
O texto divulgado ontem ressalta que, mesmo com o PIB registrando retração por dois trimestres seguidos -entre outubro do ano passado e março
passado-, a inflação de serviços ficou em 3,92% de janeiro a
maio deste ano, superando os
3,10% observados no mesmo
período de 2008.
O Banco Central se refere a
reajustes embutidos, por
exemplo, em contratos de aluguel e em mensalidades escolares, que, mesmo com a relativa
estabilidade da inflação dos últimos anos, ainda costumam
estar atrelados a índices de preços. Esse tipo de mecanismo,
afirma o documento de ontem,
acaba "contribuindo para elevar os riscos para o cenário inflacionário", pois contaminam
os preços praticados no presente com aumentos ocorridos no
passado.
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