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EM TRANSE
Ministro convoca entrevista para acalmar mercado
Malan cita samba sobre felicidade e não anuncia novo acerto com FMI
Marcia Gouthier/Folha Imagem
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O ministro da Fazenda, Pedro Malan, na entrevista de ontem, na sede do ministério, em Brasília |
LEONARDO SOUZA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que a equipe econômica intensificou as conversas
com governos e com organismos
multilaterais, em referência a negociações para fechar um novo
acordo financeiro de ajuda ao Brasil. Malan convocou entrevista
dois dias depois de o presidente do
Banco Central, Armínio Fraga, ter
afirmado que o Brasil pode acertar, em questão de semanas, novo
empréstimo com FMI (Fundo
Monetário Internacional).
Para qualquer empréstimo que
venha a ser concedido pelo FMI
será necessária a aprovação dos
EUA, maior acionista do Fundo.
"Neste momento estamos tendo
essas conversas mais intensificadas. Existe uma clara expressão de
apoio ao Brasil, seja bilateral, seja
multilateral, e nós estamos mantendo nossas opções em aberto ao
discutirmos os prós e os contras
no curso de ação que nos pareça
mais apropriado", disse Malan,
sem no entanto esclarecer quais
seriam as opções.
Enquanto Malan respondia as
perguntas dos jornalistas, o dólar
continuava a subir, para fechar cotado acima de R$ 3. Afinal, a expectativa do mercado era que Malan divulgaria medidas, o que acabou não se confirmando. O próprio ministro disse, após longa fala, que não estava ali para divulgar
nenhuma medida e que não iria tirar nenhum "coelho da cartola".
Apesar do nervosismo do mercado, o ministro da Fazenda demonstrou tranquilidade e bom
humor durante a entrevista.
"São especulações sobre especulações. Tem uma famosa música
brasileira que diz: "O pensamento
parece uma coisa à toa, mas como
é que a gente voa quando começa
a pensar'", disse, numa referência
à musica "Felicidade", de Lupicínio Rodrigues.
O ministro negou que a economia esteja refém da alta do dólar
-que eleva a parcela da dívida
pública corrigida pela moeda
americana e provoca pressões inflacionárias- e disse que o governo não está parado, ao comentar
pergunta de jornalista que indagava se o governo estava esperando
o dólar cair para então agir.
Para o ministro, a atual cotação
do dólar é um "flagrante exagero,
derivado de um grau de incerteza,
de ansiedade". Ele afirmou, contudo, que o governo conseguirá trazer a cotação do dólar para baixo,
só não disse quando.
Mas Malan citou frase dita por
Armínio na quarta-feira, quando
o presidente do BC afirmou que o
governo não vai tirar "coelho da
cartola" para conter o dólar. Ou
seja, só vai usar os instrumentos
convencionais de que dispõe para
atuar no mercado de câmbio. "Se
alguém está achando que vai haver mágica, pirueta ou grandes heterodoxias, está enganado."
Novo empréstimo
Malan negou que o Brasil esteja
negociando abertura de linhas de
crédito ao país diretamente com
governos, como foi feito no final
de 1998, quando o FMI coordenou
empréstimo de US$ 41,5 bilhões
ao país, no auge da crise de que
precedeu desvalorização da moeda, em janeiro de 1999.
Do total do pacote, a parcela de
recursos do FMI foi de cerca de
US$ 20 bilhões. O restante foi obtido por governos e instituições como o BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento).
"Não achamos que seja uma situação semelhante, não estamos
solicitando nada em termos de
aporte de recursos ou abertura de
linhas de crédito a governos bilaterais", afirmou Malan.
Questionado se a crise global,
que tem provocado redução da
oferta de recursos, não poderia dificultar um novo empréstimo ao
país, Malan disse que não e mencionou a disponibilidade de recursos do FMI.
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