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EM TRANSE
Moeda dos EUA bate quinto recorde consecutivo e nem a entrevista de Malan acalma o nervosismo do mercado
Dólar vai a R$ 3; risco-país raspa em 2.000
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar subiu 0,67%, para R$
3,015, maior valor da história do
real. Pela quinta vez consecutiva,
a moeda norte-americana bateu
recorde de alta. Apenas nesta semana, acumulou valorização de
5,1%. No ano, a alta é de 30%.
O risco-país brasileiro, medido
pelo banco JP Morgan, também
alcançou novo recorde. Subiu
mais 7,7%, para 1.991 pontos. Na
semana, acumulou alta de 28,4%.
A Bovespa desabou 4,64%.
O dia começou nervoso e a valorização do dólar chegou a ser de
1,44%. A alta começou a ceder no
início da tarde, quando foi anunciada entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Pedro Malan.
O mercado passou a operar na
expectativa de um anúncio de novo acordo entre o Brasil e o FMI.
Por esse motivo, a moeda chegou
até mesmo a cair 0,33%. Mas logo
o ministro começou a falar, anunciando que não faria "declarações
bombásticas".
"Pelo tom de Malan o mercado
já se frustrou pois percebeu que
ele não falaria nada. O dólar voltou a subir porque o investidor espera por uma medida concreta e
de peso", afirma Alan Gandelman, da corretora Ágora Sênior.
Desde a quinta-feira, o mercado
aguarda um novo acordo entre o
Brasil e o Fundo. Além de uma
blindagem de até US$ 20 bilhões,
há especulações em torno de alteração do piso de reservas que pode ser utilizado para a atuação no
mercado e do adiamento, por um
ano, de amortizações do pagamento da dívida externa de 2003.
Essa medida daria uma maior
tranquilidade para o primeiro
ano do próximo presidente brasileiro, seja ele de oposição ou não.
A indefinição política brasileira,
com a possibilidade de dois candidatos de oposição, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes
(PPS), disputarem o segundo turno das eleições preocupa investidores. Agradaria ao mercado a vitória do candidato do governo
por ela representar a continuidade da atual política econômica.
Somada à instabilidade local, há
a grave crise de credibilidade internacional, após os escândalos financeiros envolvendo empresas
americanas. Com a aversão ao risco do investidor global, faltam recursos para os países emergentes.
Daí a dificuldade das empresas
brasileiras de rolarem suas dívidas e a consequente necessidade
de comprar dólares para quitar os
débitos. Assim, a oferta de moeda
é insuficiente para atender à demanda. O BC ofertou sua ração
diária -vendeu US$ 50 milhões.
"O Brasil não tem crédito. Enquanto não houver uma blindagem para facilitar a transição, o mercado não irá se acalmar", diz Clive Botelho, diretor da financeira do banco Santos.
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