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Krueger defende seu plano para moratórias
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem citar o Brasil, a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, afirmou ontem que os "países emergentes que mantêm bons
fundamentos não devem temer
uma reestruturação da dívida".
A declaração fez parte da apresentação de Krueger durante uma
palestra sobre mecanismos para
reestruturação de dívidas, ontem
em São Paulo. Na palestra, a economista afirmou ainda ""não ver
razões para que uma reestruturação cause impacto no fluxo de capitais para esse países".
A número dois do FMI afirmou
que a crise financeira que atingiu
os emergentes nos anos de 1994 e
1995 mudou a arquitetura do sistema financeiro internacional.
Para ela, desde então, para se adequarem às novas condições mais
restritas de crédito, os países-sócios do FMI promoveram uma série de reformas. ""Muitas de nossas metas foram atingidas, mas
ainda há muito por ser feito", disse a norte-americana, em alusão a
programas de saneamento baseados em austeridade fiscal.
Segundo a diretora do FMI, os
países emergentes não têm outro
caminho senão manter rígida política fiscal. ""Os governos devem
ser capazes de reduzir o déficit
público em relação ao PIB, promover reformas estruturais e assegurar políticas de boa administração pública", disse. ""Não há alternativa senão a austeridade",
completou Krueger, que fez a
apresentação sem microfones
porque o sistema de som do auditório da Fundação Getúlio Vargas
não funcionara. Parte do publico
deixou o auditório com a palestra
em andamento.
Em uma lista de compromissos
a serem assumidos pelos governos que decidam promover uma
reestruturação da dívida deveriam constar, também segundo
Krueger, a garantia aos direitos de
propriedade dos investidores.
Recomendou que os países devam adotar princípios de governança corporativa, apresentar balanços mais confiáveis e transparentes. Por fim, afirmou que o governo que opte por uma reestruturação deve envolver na discussão o setor privado -a fim de não
permitir que o aparato produtivo
do país seja paralisado.
Não é primeira vez que Krueger
defende eventuais mecanismos
de suspensão de pagamentos da
dívida. Em dezembro, ela própria
apresentou a proposta de criação
de um sistema de concordata para
países em crise.
Pela proposta inicial, a suspensão de pagamentos ocorreria de
forma organizada, sem se caracterizar uma moratória. Em contrapartida, os governos aceitariam
uma série de reformas, sob supervisão do FMI. Como os EUA refutaram a possibilidade de que o
Fundo agisse como ""juiz", foi preparada nova versão do projeto
-na qual seria criado um tribunal internacional para solucionar
crises. Para os EUA, que rejeitaram também essa tese, o ideal seria que os governos que emitem
títulos incluíssem uma cláusula
nos contratos de emissão impedindo um credor de interromper
uma negociação voluntária entre o país e um grupo de credores.
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