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RETOMADA
Bancos emprestaram aos consumidores e às empresas R$ 446,5 bilhões no 1º semestre, maior volume desde 2001
Confiança faz crescer procura por crédito
MAELI PRADO
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhora da confiança na economia brasileira está levando
consumidores e empresários a
buscar mais crédito nos bancos.
No primeiro semestre deste
ano, números preliminares do
Banco Central, que representam
cerca de 85% das concessões de
crédito no país, mostram que as
instituições financeiras concederam às empresas R$ 291,1 bilhões
em novos empréstimos e, aos
consumidores, R$ 155,4 bilhões.
São os maiores valores para o período desde 2001, último dado de
primeiro semestre disponível para novas concessões de crédito.
Os cálculos são de Adriano Pitoli, economista da consultoria Tendências, com base em dados do
BC, que divulga hoje os números
consolidados. Os valores foram
dessazonalizados -isto é, foram
excluídos os efeitos de variações
sazonais- e deflacionados pelo
IPCA, índice oficial de inflação.
Em junho, as empresas tomaram emprestados R$ 52,9 bilhões,
o maior valor mensal desde junho
de 2000 (último dado mensal do
BC para novas concessões).
O financiamento concedido aos
consumidores somou R$ 26,1 bilhões, valor só superado em março deste ano e em dezembro de
2003 (ambos com R$ 26,5 bilhões
concedidos) e em março de 2001
(R$ 26,9 bilhões).
A soma de empréstimos concedidos para pessoas físicas e jurídicas em junho representa cerca de
30% de todo o crédito em mãos de
consumidores e empresas (estoque), de R$ 250 bilhões em maio.
Desse total, R$ 98,3 bilhões estavam com os consumidores, segundo informa a MS Consult,
com base em dados do BC. A consultoria estima que outros R$ 90
bilhões -não contabilizados pelo BC -estão nas mãos de empresas e consumidores.
"Historicamente, a retomada
passa em um primeiro momento
pela reação no crédito, depois
vem a reação na renda. Já existem
indicadores de aumento na renda, ou seja, tudo indica que o país
vive um crescimento econômico
saudável, sólido", afirma Pitoli.
Além do aumento da confiança
na economia, a maior procura
por crédito se deve também à redução das taxas de juros e à demanda por financiamento com
desconto em folha de pagamento,
modalidade regulamentada em
setembro de 2003 pelo governo.
Em maio deste ano, a taxa de juros para pessoa física foi de cerca
de 62,4% ao ano no país, segundo
o BC. No mesmo mês do ano passado, a média foi de 83,7%.
"As empresas estão buscando
mais dinheiro para financiar suas
operações de prazo curto, a compra de matéria-prima e a produção. A recuperação da economia,
que estava concentrada em bens
de consumo, se alastra para outros setores", diz Julio Gomes de
Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Cláudio Vaz, diretor da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diz que quem
está procurando mais financiamento neste ano são principalmente as empresas exportadoras
e as que vendem produtos a prazo, como o setor de bens duráveis.
Os consumidores já procuraram no primeiro semestre deste
ano mais financiamento nas seguintes modalidades: crédito pessoal (37,6% mais do que em igual
período de 2003), aquisição de
veículos (39% mais) e aquisição
de bens (18,7% mais).
Na Casas Bahia, o número de
clientes que compram a prazo subiu cerca de 50% no primeiro semestre deste ano sobre igual período do ano passado. "De janeiro
a junho deste ano, atendemos 8,7
milhões de pessoas no crediário.
No mesmo período de 2003, 5,8
milhões de pessoas. O consumidor está mais disposto a comprar
a prazo", afirma Michael Klein,
diretor-executivo da Casas Bahia.
A redução do valor das prestações, como conseqüência do aumento dos prazos de financiamento e da redução dos juros, foi
um dos principais motivos do aumento da procura pelo crédito
neste ano, na análise de Klein. No
primeiro semestre deste ano, as
vendas a prazo da Casas Bahia somaram R$ 3,6 bilhões, o que significa um aumento de 58% sobre
igual período do ano passado.
A Lojas Cem, rede com 133 lojas, informa que o aumento da
procura pelo crediário resultou
em expansão de 20% no faturamento da empresa no primeiro
semestre deste ano sobre igual período de 2003. Há um ano, a rede
ampliou o prazo de financiamento ao cliente para 20 meses.
O aumento da procura por financiamento não deve resultar
em expansão da inadimplência.
"Os consumidores e as empresas
estão muito mais conscientes. O
risco de a expansão do crédito dar
dor de cabeça no futuro é muito
pequeno", diz Valdemir Colleone,
diretor da Lojas Cem.
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