DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Devido ao maior pessimismo em relação à inflação, estimativas feitas por analistas de mercado apontam para redução mais lenta dos juros básicos da economia neste ano. Segundo o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, a taxa Selic seria cortada em apenas 0,5 ponto percentual até o final do ano, chegando a 15,5% ao ano em dezembro.
Segundo o levantamento feito pelo BC, entre cem analistas, a inflação deste ano, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), deve ficar em 7,13% -na semana passada, a estimativa estava em 7,08%. Foi a 11ª semana seguida de aumento nas expectativas de inflação.
Até a semana passada, os bancos esperavam corte na Selic de 0,75 ponto percentual até o fim do ano.
Relatório distribuído a investidores pelo Bradesco afirma que as pressões inflacionárias têm origem, principalmente, nos reajustes das tarifas de energia e telefonia e nos aumentos de preços dos alimentos.
De acordo com a pesquisa de mercado feita pelo BC, os chamados preços administrados -que incluem, entre outros, as tarifas públicas e os preços dos combustíveis- são os que mais pressionam a inflação. Neste ano, eles devem subir 8,13%.
Neste ano, a meta do governo é manter a inflação em 5,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Ou seja, as projeções do mercado estão, a cada semana, mais próximas dos 8% estabelecidos pelo teto dessa meta.
Para 2005, a projeção é que a alta dos preços fique em 5,5%. A meta para o ano que vem é de 4,5%, também com a margem de 2,5 pontos.
Quando percebe que a alta dos preços pode estar se distanciando das metas traçadas, o BC tende a manter os juros em níveis mais elevados. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária, formado pelos diretores e pelo presidente do BC), em sua reunião mensal, decidiu manter a taxa Selic em 16% ao ano até, pelo menos, o mês que vem. Na próxima quinta-feira, o Banco Central divulga mais detalhes para justificar sua decisão.
Desde abril os juros são mantidos nesse nível. De acordo com a pesquisa de mercado, a taxa só deve recuar em outubro, quando é esperado um corte de 0,25 ponto na Selic.
Ainda que se espere uma velocidade menor na redução dos juros, os analistas consultados pelo BC se mostram um pouco mais otimistas em relação ao crescimento da economia neste ano. A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) foi elevada pela terceira semana consecutiva, passando de 3,57% para 3,65%. Já em 2005, de acordo com o levantamento, a economia brasileira crescerá 3,5%.


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