São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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NEGÓCIO

Queda dos juros reduz ganho no país em 2,2%; banco espanhol adquire Abbey

Lucro do Santander recua no Brasil

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

No mesmo dia em que estendia sua rede ao Reino Unido, com a compra do Abbey Bank, o sexto maior banco britânico, o grupo Santander anunciava um lucro levemente menor em sua operação no Brasil no primeiro semestre do ano: 335,1 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão), 2,2% menos que em idêntico período de 2003.
Mas, se for descontada a variação cambial, o lucro de 2004 ficou praticamente igual ao de 2003, com uma levíssima alta de 0,1%.
A causa da queda no lucro, segundo o relatório divulgado pelo grupo em Madri, foi "a diminuição dos juros médios de 25,9% para 16% entre o primeiro semestre de 2003 e igual período de 2004". Além disso, pesou também o "impacto transitório de custos associados a programas e planos de desenvolvimento comercial".
A compra do Abbey Bank trará novos "impactos transitórios" para o BSCH (sigla completa do grupo, que significa Banco Santander Central Hispano).
O grupo espanhol terá que pagar os 12,8 bilhões da compra (cerca de R$ 46 bilhões) mais 680 milhões (quase R$ 2,5 bilhões) em investimentos e em reestruturação. O ajuste durará três anos, segundo os cálculos da direção do banco, após os quais seu lucro bruto crescerá em 560 milhões (R$ 2 bilhões).
O Santander já será então o maior banco da zona do euro, o quarto da Europa (à frente dele estarão dois bancos britânicos e o UBS suíço, que usam outras moedas) e o oitavo do mundo.
"É um dia histórico", festejou, com frase altamente previsível, o patriarca do grupo, Emílio Botín.
Nas Bolsas de Valores, porém, o dia foi pouco histórico para as ações tanto do grupo comprado como do vendido. As do Abbey Bank caíram 4% na Bolsa de Londres, produto da realização de lucros depois da valorização de 17,65% nas cotações do banco britânico na sexta-feira, após vazar o interesse do Santander.
Já na Bolsa de Madri, os títulos do BSCH perderam 2,62% de seu valor, apesar de o banco ter divulgado antecipadamente seu relatório semestral mostrando um fabuloso lucro de 1,910 bilhão (R$ 6,8 bilhões), 48% mais do que no primeiro semestre de 2003.
É verdade que o resultado está inflado pelos ganhos obtidos com a venda de parte da Vodafone e do Shinsei Bank, mas, mesmo sem eles, o Santander teria lucrado 20% mais do que nos primeiros seis meses do ano passado.
Já no conjunto da América Latina, o resultado é bem menos suculento: o lucro caiu 4,7% na comparação com idêntico período de 2003, para situar-se em 547 bilhões (um pouco menos de R$ 2 bilhões). De novo, no entanto, se descontada a variação cambial, o lucro teria sido 4,2% superior.


O jornalista Clóvis Rossi viajou a Madri a convite do grupo Santander


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