São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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PARA FORA

Pela primeira vez, vendas externas ultrapassam US$ 1 bi no 1º semestre; soja tem maior valor e trigo é destaque

Exportação de cooperativas bate recorde

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

As exportações de cooperativas brasileiras bateram o recorde histórico para um primeiro semestre, alcançando a marca de US$ 1,054 bilhão. Nunca antes as cooperativas haviam ultrapassado o bilhão de dólares em vendas externas nos seis primeiros meses do ano.
Apesar do desempenho tão favorável, a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) não quis refazer, por ora, sua expectativa para as exportações do ano, de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,6 bilhão.
"Ainda não sabemos se esse desempenho favorável se deveu a antecipação de embarques ou a aumento efetivo de vendas", afirma Julio G. Pohl, assessor técnico da OCB, ao justificar o conservadorismo na previsão.
No ano passado, diz Pohl, as vendas externas somaram US$ 1,3 bilhão -sendo US$ 571 milhões no primeiro semestre e quase US$ 730 milhões no segundo. Os anos anteriores também mostraram melhora no comércio exterior de julho a dezembro. Mas, mesmo assim, ele prefere analisar os dados antes de estimar nova cifra.
"Os números demonstram que as cooperativas estão preparadas e investindo para ocupar espaço nas exportações do agronegócio. Esse fato se reverte em benefícios para o produtor rural associado à cooperativa", disse o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, por sua assessoria de imprensa.
"O nosso sistema cooperativo tem condições de se expandir ainda mais", diz, pela assessoria, José Norberto Kretzer, diretor do Denacoop (Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural) do Ministério da Agricultura.
Quem puxou esse avanço todo no comércio exterior das cooperativas foi o agronegócio -isso porque 95% das exportações diretas são relacionadas ao setor.
A exemplo das exportações gerais brasileiras, o produto mais rentável no comércio exterior das cooperativas, segundo os dados compilados pela OCB, foi o complexo soja, no qual os principais clientes são China e Alemanha -para soja triturada.

Trigo
Mas o que deve ser destacado mesmo é o desempenho do trigo, que nos seis primeiros meses do ano passado nem registrou venda -e, neste ano, alcançou US$ 83,2 milhões, ou 40% de tudo o que o Brasil exportou do cereal no ano.
E por que o trigo é destaque? Por causa do histórico ocorrido com outro produto, o milho. "O Brasil até importava milho. Iniciamos um trabalho de exportação pelas cooperativas, a produção aumentou e hoje ela atende à demanda interna. Foi um reflexo do trabalho da cooperativa, que descobriu um novo mercado para o milho", explica Pohl.
Sempre cauteloso, o assessor acha que ainda é cedo para dizer que o trigo deve seguir o caminho do milho, com o Brasil alcançando a auto-suficiência, mas diz que esse trabalho de exportação é bom para isso. "É um estímulo ao produtor, que encontra bom mercado e eleva sua produção."
Os principais exportadores de trigo, informa Pohl, são Paraná e Rio Grande do Sul. E o cereal tem um mercado tão amplo que até para o Iêmen ele é exportado pelas cooperativas brasileiras.
Esse é um exemplo de diversificação de mercados que as cooperativas têm procurado, segundo o assessor técnico da OCB, que cita outros: venda de carne bovina para Seychelles, carne de frango para Azerbaijão e Lituânia e até cravo da Índia para a... Índia.
Há também procura por diversificar a pauta exportadora e um exemplo disso é a venda de castanha-do-pará, cuja exportação por cooperativas alcançou US$ 110 mil até junho -contra vendas zeradas no mesmo período de 2003.


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