São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Lula reconhece divergências com aliados do G20

PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Lisboa que o G20, grupo de países emergentes que negocia unido a Rodada Doha, "não sairá rachado", mas admitiu que há "disparidades enormes". Defendeu que "o Brasil não quebrou nenhuma solidariedade".
Anteontem, o Brasil, a União Européia e os Estados Unidos conseguiram avanços nas negociações para um acordo global de comércio nas reuniões de Genebra, mas aliados brasileiros do G20, como Índia e Argentina, resistem duramente às propostas.
Ontem, Lula disse acreditar num acordo. "O Brasil não quebrou nenhuma solidariedade. Nós participamos do G20, queremos um acordo, mas vocês hão de convir que dentro do G20 nós temos também assimetrias entre os países, temos disparidades enormes. Os interesses não são os mesmos, embora nós precisemos encontrar um denominador comum."
O presidente bate sempre na tecla de que existe um compromisso dos líderes mundiais para conseguir chegar a uma solução. "Continuo acreditando que nós vamos fechar o acordo na Rodada Doha. As divergências são normais, porque envolvem muitos interesses, muitos países, milhares de empresários. Tem de ter divergências. Mas o importante é que há decisão política de que nós podemos fazer um acordo, e ele será bom para todo mundo."

Mais pobres
O Brasil adotou um discurso de que não é o principal interessado na conclusão das negociações, mas que luta em nome dos países mais pobres, para quem a abertura dos mercados ricos seria crucial.
"O que precisamos é ter um mercado realmente livre. O mundo rico precisa compreender que comércio livre significa não apenas eles quererem vender -significa eles terem disposição de comprar", disse o presidente. "Não falo do Brasil, que é competitivo. Falo pelos outros países da América Latina, falo pelos países africanos, que precisam da flexibilização do mercado europeu e do fim dos subsídios americanos."
O impasse dura meses. A atual proposta foi apresentada por Pascal Lamy, diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), em busca de um caminho para a mais ambiciosa tentativa de abertura comercial já feita. O pacote inclui fórmulas para a redução do protecionismo agrícola dos países ricos e para os cortes nas tarifas industriais dos emergentes.


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