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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Crise atinge grifes brasileiras nos EUA
As grifes brasileiras que vendem suas coleções nos Estados
Unidos não saíram imunes à
crise. De nove empresas ouvidas pela Folha, duas sentiram
quedas nas vendas. As demais
mantêm o ritmo de expansão
no país, mas aumentaram investimentos em marketing e
eventos para se consolidar em
um mercado retraído.
A grife Iódice, por exemplo,
vai entregar um volume 70%
menor de peças da coleção de
inverno, que chega aos Estados
Unidos em agosto, do que o encomendado para a estação passada -6% da produção total da
marca. Antes da crise, roupas
da Iódice estavam à venda em
123 lojas de multimarcas e nas
de departamento Neiman Marcus, Saks Fifth Avenue e Lord
and Taylor. Agora, a Iódice deixou as prateleiras das lojas de
departamento e está em apenas 32 multimarcas do país.
Segundo Adriano Iódice, diretor-geral da marca, a grife
deixou os pontos-de-venda
quando constatou que a maioria de seus clientes estava com
crédito negado nas instituições
financeiras.
"Quando pedimos um adiantamento de 20% no pagamento
para clientes com crédito negado, a maioria deles cancelou os
pedidos", afirma Iódice.
A grife gaúcha de calçados
Cavage entrou no mercado
americano em 2008 e se decepcionou: vendeu apenas 20% do
volume esperado. A diretora da
marca, Geane Silva, disse que a
crise prejudicou a operação.
"Muitos compradores que foram ao nosso showroom no
país foram demitidos. Perdemos nossos contatos nas lojas."
A Arezzo desistiu pela segunda vez de abrir franquias nos
Estados Unidos no final do ano
passado -a primeira foi depois
dos atentados do 11 de Setembro. A empresa pagou US$ 35
mil a uma consultoria para avaliar o negócio, mas com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro do ano passado, o plano foi adiado, diz
Alexandre Birman, vice-presidente do grupo Arezzo e estilista da marca Alexandre Birman.
As vendas da grife de calçados Alexandre Birman, no entanto, cresceram durante a crise. O motivo, segundo Birman,
é que os calçados da marca brasileira custam em média
US$ 500 ao consumidor americano e são uma opção aos italianos, que custam o dobro.
Mesmo com expansão das
vendas, as marcas Havaianas e
Melissa poderiam ter um resultado melhor se a crise não
tivesse atingido os Estados
Unidos, afirmam os executivos
Márcio Utsch e Paulo Pedó, da
Alpargatas e da Melissa, respectivamente. Sem reduzir os
preços, eles enfrentaram a crise com investimentos em marketing e eventos para fortalecer as marcas.
"Quando pedimos um adiantamento de 20% no
pagamento para clientes com crédito negado, a
maioria deles cancelou os pedidos"
ADRIANO IÓDICE
diretor-geral da Iódice
PREVENIDOS
As vendas da Travel Ace, de assistência de viagens, cresceram 20% depois que a empresa passou a atender turistas
com sintomas da gripe A em sua rede credenciada. Segundo
Marcelo Fernandez, presidente da empresa, os serviços de
assistência médica para viagens não cobrem pandemias, mas
a Travel Ace abriu exceção para a gripe suína. A empresa decidiu fazer a cobertura da doença após receber ligações de
clientes interessados no serviço. "Tomamos essa decisão para evitar que mais turistas desistissem de viajar por causa
da gripe." Vendidos nas agências de viagens, os planos de cobertura para viagens internacionais custam de US$ 51 a US$
338. A rede de atendimento da empresa inclui 150 países.
INSÔNIA
A maior preocupação
atualmente dos bancos privados é quem vai substituir o
presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, caso ele deixe o cargo em 2010.
Essa possibilidade tira mais
o sono dos banqueiros do
que a própria disputa presidencial nas eleições do ano
que vem.
TRILHOS
A CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos) vai abrir concorrência
para instalar, próximo à estação Ceasa, um estacionamento com integração trem-carro, em parceria com a iniciativa privada. A área terá capacidade para 770 vagas. O
estacionamento deve entrar
em operação até dezembro.
NA CARTEIRA
Cerca de 20% das micro e
pequenas indústrias pretendem contratar no terceiro
trimestre deste ano em média 2,6 empregados, segundo
levantamento realizado pelo
Simpi (Sindicato da Micro e
Pequena Indústria do Estado de São Paulo). Destas empresas, 61% têm até nove trabalhadores.
ÀS COMPRAS
Na categoria de eletrodomésticos, lavadoras de roupas, refrigeradores e fogões
são os produtos mais vendidos pela internet, de acordo
com levantamento realizado
pela e-bit. A empresa constatou que a redução do IPI para a linha de eletrodomésticos também estimulou as
vendas pela internet.
TIJOLO COM TIJOLO
O emprego na construção civil brasileira manteve a
tendência de alta em maio, pelo quinto mês consecutivo,
com a criação de 19.447 vagas. O crescimento foi de
0,91% sobre abril, segundo pesquisa do SindusCon-SP
(Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de
SP) e da FGV Projetos (veja acima). Desde janeiro, o nível
de emprego subiu 3,56%. No fim de maio, o total de empregados pelo setor no Brasil superou 2 milhões de pessoas.
COSTURA
A fabricante de máquinas
Automatisa investiu em segmentos menos atingidos pela crise para crescer 28,7%
no primeiro semestre deste
ano sobre o mesmo período
de 2008. As vendas de equipamentos para a indústria
têxtil, por exemplo, cresceram 48,7% no período, compensando parte da perda de
48,54% nas vendas de chapas orgânicas.
PASSAPORTE
O consultor inglês Sandro
Forte, membro da Million
Dollar Round Table, desembarca no Brasil na quinta para participar do 2º Seminário Internacional de Vida e
Previdência, promovido pela
Fenaprevi, em São Paulo.
ITAIPU 1
Assinado no sábado, o acordo Brasil-Paraguai sobre a usina de Itaipu quase foi por terra no dia anterior. A delegação brasileira chegou a sair da mesa de negociações, diante do endurecimento paraguaio pela revisão do tratado e venda de energia para terceiros.
ITAIPU 2
Na sexta, na cúpula do Mercosul, o presidente Fernando Lugo (Paraguai) soube que as conversas haviam "apodrecido". Disse que "os
números não fechavam". Mas o acordo saiu. E, em contrapartida, o Brasil pediu apoio ao pleito por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
FIO
O setor eletroeletrônico volta a contratar, segundo pesquisa da Abinee. Em junho, as empresas abriram 160 vagas, elevando para 155.140 o número de empregados no
setor. "De novembro do ano passado até maio, o setor demitiu cerca de 10 mil trabalhadores por conta da crise.
Este foi o primeiro mês em que registramos contratações", afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee.
com FÁTIMA FERNANDES (interina), JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e THIAGO GUIMARÃES
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