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Salário inicial cai em São Paulo, Rio e DF
Crise trava ciclo de alta salarial para recém-admitidos no país; valor cresceu só 0,57% no 1º semestre, contra 3,92% em 2008
Valor pago aos contratados
no primeiro semestre em SP
caiu de R$ 871 em 2008 para
R$ 862, mas Estado mantém
maior média de todo o país
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A crise interrompeu, no primeiro semestre, o aumento do
salário inicial médio dos trabalhadores nas três unidades da
federação que pagam os maiores rendimentos no país: São
Paulo, Rio e Distrito Federal.
No total, o salário médio dos
contratados, descontada a inflação, caiu em 6 das 27 unidades federativas. Nos outros 21
Estados, o rendimento subiu.
Os dados são do Ministério
do Trabalho, que contabiliza os
salários pagos a todos os trabalhadores contratados com carteira assinada no país.
Desde que o país retomou a
trajetória de crescimento, em
2004, no governo Lula, não
houve queda em igual número
de Estados. De janeiro a junho
deste ano, o salário médio
avançou 0,57%. Nos primeiros
seis meses de 2008, o avanço
havia sido de 3,92% ante o ano
anterior e, no mesmo período
de 2007, houve alta de 4,62%.
A maior queda no primeiro
semestre foi registrada no Maranhão, com retração de 2,49%.
O maior incremento foi verificado em Rondônia (24,68%).
Amazonas e Espírito Santo
também tiveram queda no valor médio do salário inicial.
Apesar da queda nas seis unidades federativas, especialistas
em mercado de trabalho afirmam que o recuo dos salários
no primeiro semestre foi ameno e que não indica deterioração dos rendimentos no país.
"Com o desempenho ruim da
indústria e essa crise brutal, o
normal era que o salário caísse.
A surpresa é que caiu pouco",
afirma Claudio Leopoldo Salm,
pesquisador da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Salm diz que, se as empresas
demorarem a reagir mais acentuadamente à crise e não retomarem os investimentos e o nível de atividade, é possível que
os aumentos dos salários demorem a se acelerar de novo.
De 2003 a 2009, a variação do
salário médio real dos admitidos foi superior a 30% em 15
Estados. No Acre, o rendimento avançou 64% nesse período.
A economista da Universidade de São Paulo Maria Cristina
Cacciamali destaca que a tendência de crescimento do salário inicial dos trabalhadores diminuiu mesmo onde o salário
médio continuou subindo. "A
queda ainda não é significativa,
mas indica que a evolução positiva estancou", afirma.
José Dari Krein, presidente
da Associação de Estudos do
Trabalho, acrescenta que, com
a alta rotatividade de mão de
obra no país, a tendência durante a crise é que as empresas
substituam trabalhadores por
outros com salários menores
nos cargos em que o custo de
substituição é baixo. Ele ressalta, porém, que, comparada à
queda do PIB, a desaceleração
dos salários foi pequena.
Recuperação
Rodolfo Torelly, diretor do
Departamento de Emprego e
Salário do Ministério do Trabalho, discorda das previsões negativas e diz que a tendência é
que o mercado de trabalho se
recupere no segundo semestre.
Ele avalia que, embora os aumentos dos salários não sejam
tão positivos quanto nos anos
anteriores, a situação do Brasil
é "muito boa" se comparada à
de outros países, onde o mercado de trabalhou sofreu mais.
Torelly afirma que a política
de valorização do salário mínimo protegeu os rendimentos.
"O salário médio dos admitidos
leva em conta os maiores e os
menores salários iniciais. Se
você sobe o piso, sobe a média
também", destaca o diretor.
De abril de 2003 a fevereiro
de 2009, o salário mínimo teve
aumento real de 45%.
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