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Cresce número de escritórios de luxo vazios
Preços de imóveis de alto padrão seguem elevados, apesar da crise e da falta de interesse das empresas nos aluguéis
Percentual de imóveis comerciais vagos passou de 7% no segundo trimestre do ano passado para 9,46%
em igual período deste ano
Rafael Hupsel/Folha Imagem
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Imóvel lançado há 2 meses na av. Paulista, ainda vago
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O número de escritórios de
luxo vazios em São Paulo subiu
neste ano em razão da devolução de imóveis comerciais de
alto padrão em meio à crise e da
falta de interesse das empresas
em alugar esses espaços. Mas,
apesar da retração no primeiro
semestre, os preços não caíram.
Segundo a consultoria Jones
Lang LaSalle, que monitora o
mercado, o percentual de imóveis comerciais vagos (taxa de
vacância) passou de 7% no segundo trimestre de 2008 para
9,46% de abril a junho de 2009.
Lilian Feng, gerente de pesquisa da Jones Lang LaSalle,
afirma que, em algumas regiões, o mercado de escritórios
de luxo se retraiu. A maior queda foi na região da avenida Paulista, onde as empresas, no segundo trimestre, devolveram
3.887 m2 dos espaços alugados
nos três meses anteriores.
Nas regiões das avenidas Faria Lima e Berrini, da rua Verbo Divino e na Vila Olímpia, os
resultados também foram negativos -o que significa que
houve mais empresas devolvendo espaços alugados do que
companhias que os ocuparam.
Feng avalia que o mercado
de luxo sofreu uma "desaceleração considerável", mas ressalta que a taxa de vacância de
escritórios de alto padrão em
São Paulo ainda é baixa. "Faltavam escritórios de alto padrão
para alugar no ano passado. Os
novos imóveis, previstos para
serem inaugurados até o fim
deste ano, devem equilibrar a
oferta e a demanda."
A projeção da Jones Lang LaSalle é que cerca de 170 mil m2
de novos escritórios de alto padrão sejam entregues até o final do ano em São Paulo. Hoje,
são 2,4 milhões de m2 de imóveis comerciais de luxo.
Embora os espaços vazios tenham aumentado, Feng diz
que os escritórios de luxo disponíveis não estão "encalhados". Segundo ela, as devoluções de espaços no segundo trimestre não são significativas.
Durante a crise, diz, é normal
que a absorção das áreas disponíveis demore mais.
Feng afirma, porém, que, em
razão do cenário recessivo na
economia, o cronograma de algumas obras foi revisto. Nesses
casos, as construtoras optaram
por entregá-los após a recuperação econômica do país.
Regiões alternativas
Segundo a gerente da Jones
Lang, a crise inverteu a tendência vista no ano passado, quando as empresas saíam de regiões alternativas, como a Chácara Santo Antônio, e alugavam
espaços em áreas mais nobres.
"Com a crise, se o tamanho
das empresas comportar a mudança de local, existe a tendência de as empresas voltarem a
buscar bons edifícios em áreas
menos nobres, que têm preços
mais competitivos", diz Feng.
Adriano Sartori, diretor de
locação da consultoria CB Richard Ellis, diz que cerca de
três negociações da sua companhia com empresas interessadas em alugar imóveis de luxo
no fim do ano passado foram
interrompidas. No primeiro
trimestre, as negociações foram retomadas, mas os empresários optaram por escritórios
menos sofisticados. "Em vez de
pagar R$ 90 por m2, eles quiseram pagar R$ 50."
De acordo com relatório da
CB Richard Ellis, de janeiro a
abril as empresas estavam menos seletivas em relação às características dos escritórios e
mais preocupadas com a redução de custos. Sartori destaca
que, neste semestre, o mercado
imobiliário começou a se recuperar e que a tendência é que
ele recobre a força.
A consultoria considera que,
embora o mercado de escritórios como um todo -que
abrange imóveis comerciais de
todos os padrões- tenha retraído de janeiro a junho, a tendência geral é de recuperação
no setor.
Celso Amaral, da consultoria
imobiliária Amaral Dávila Engenharia de Avaliações, também prevê retomada do crescimento do setor imobiliário.
"Acho que a crise está sendo
curta, e não deve haver uma
grande mudança no mercado."
Aluguéis mais caros
Apesar do aumento do número de escritórios de luxo vazios, de acordo com a pesquisa
da Jones Lang, de abril a junho,
os empresários tiveram que pagar cerca de 25% a mais do que
desembolsavam nos primeiros
três meses do ano passado pelo
aluguel do escritório.
"Se hoje ocupo 5.000 m2 e
não encontro 5.000 m2 mais
baratos, tenho que continuar
pagando os preços que me pedem", diz Feng. Segundo ela, há
disponibilidade de escritórios
médios ou de áreas espalhadas
em diferentes prédios em São
Paulo, mas não há grandes espaços disponíveis no mesmo
edifício -ao menos não em
quantidade tal que possa forçar
a queda dos preços.
Feng destaca que os prédios
de luxo empregam tecnologia
de ponta e materiais nobres, o
que impede uma retração muito acentuada nos preços do aluguel. "Não existe milagre. Não
tem como fazer um edifício
com tecnologia de ponta e alugar a preço de banana."
Um dos edifícios de luxo disponíveis na cidade, na região da
avenida Paulista, com 10 mil m2
disponíveis, teve um contrato
de pré-locação fechado antes
que as obras terminassem. O
aluguel combinado era R$ 120
por m2. Com a crise, o contrato
foi rescindido. Agora, dois meses após o lançamento do prédio, todos os andares continuam vazios.
(VERENA FORNETTI)
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