São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009

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Cresce número de escritórios de luxo vazios

Preços de imóveis de alto padrão seguem elevados, apesar da crise e da falta de interesse das empresas nos aluguéis

Percentual de imóveis comerciais vagos passou de 7% no segundo trimestre do ano passado para 9,46% em igual período deste ano


Rafael Hupsel/Folha Imagem
Imóvel lançado há 2 meses na av. Paulista, ainda vago

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de escritórios de luxo vazios em São Paulo subiu neste ano em razão da devolução de imóveis comerciais de alto padrão em meio à crise e da falta de interesse das empresas em alugar esses espaços. Mas, apesar da retração no primeiro semestre, os preços não caíram.
Segundo a consultoria Jones Lang LaSalle, que monitora o mercado, o percentual de imóveis comerciais vagos (taxa de vacância) passou de 7% no segundo trimestre de 2008 para 9,46% de abril a junho de 2009.
Lilian Feng, gerente de pesquisa da Jones Lang LaSalle, afirma que, em algumas regiões, o mercado de escritórios de luxo se retraiu. A maior queda foi na região da avenida Paulista, onde as empresas, no segundo trimestre, devolveram 3.887 m2 dos espaços alugados nos três meses anteriores.
Nas regiões das avenidas Faria Lima e Berrini, da rua Verbo Divino e na Vila Olímpia, os resultados também foram negativos -o que significa que houve mais empresas devolvendo espaços alugados do que companhias que os ocuparam.
Feng avalia que o mercado de luxo sofreu uma "desaceleração considerável", mas ressalta que a taxa de vacância de escritórios de alto padrão em São Paulo ainda é baixa. "Faltavam escritórios de alto padrão para alugar no ano passado. Os novos imóveis, previstos para serem inaugurados até o fim deste ano, devem equilibrar a oferta e a demanda."
A projeção da Jones Lang LaSalle é que cerca de 170 mil m2 de novos escritórios de alto padrão sejam entregues até o final do ano em São Paulo. Hoje, são 2,4 milhões de m2 de imóveis comerciais de luxo.
Embora os espaços vazios tenham aumentado, Feng diz que os escritórios de luxo disponíveis não estão "encalhados". Segundo ela, as devoluções de espaços no segundo trimestre não são significativas. Durante a crise, diz, é normal que a absorção das áreas disponíveis demore mais.
Feng afirma, porém, que, em razão do cenário recessivo na economia, o cronograma de algumas obras foi revisto. Nesses casos, as construtoras optaram por entregá-los após a recuperação econômica do país.

Regiões alternativas
Segundo a gerente da Jones Lang, a crise inverteu a tendência vista no ano passado, quando as empresas saíam de regiões alternativas, como a Chácara Santo Antônio, e alugavam espaços em áreas mais nobres.
"Com a crise, se o tamanho das empresas comportar a mudança de local, existe a tendência de as empresas voltarem a buscar bons edifícios em áreas menos nobres, que têm preços mais competitivos", diz Feng.
Adriano Sartori, diretor de locação da consultoria CB Richard Ellis, diz que cerca de três negociações da sua companhia com empresas interessadas em alugar imóveis de luxo no fim do ano passado foram interrompidas. No primeiro trimestre, as negociações foram retomadas, mas os empresários optaram por escritórios menos sofisticados. "Em vez de pagar R$ 90 por m2, eles quiseram pagar R$ 50."
De acordo com relatório da CB Richard Ellis, de janeiro a abril as empresas estavam menos seletivas em relação às características dos escritórios e mais preocupadas com a redução de custos. Sartori destaca que, neste semestre, o mercado imobiliário começou a se recuperar e que a tendência é que ele recobre a força.
A consultoria considera que, embora o mercado de escritórios como um todo -que abrange imóveis comerciais de todos os padrões- tenha retraído de janeiro a junho, a tendência geral é de recuperação no setor.
Celso Amaral, da consultoria imobiliária Amaral Dávila Engenharia de Avaliações, também prevê retomada do crescimento do setor imobiliário. "Acho que a crise está sendo curta, e não deve haver uma grande mudança no mercado."

Aluguéis mais caros
Apesar do aumento do número de escritórios de luxo vazios, de acordo com a pesquisa da Jones Lang, de abril a junho, os empresários tiveram que pagar cerca de 25% a mais do que desembolsavam nos primeiros três meses do ano passado pelo aluguel do escritório.
"Se hoje ocupo 5.000 m2 e não encontro 5.000 m2 mais baratos, tenho que continuar pagando os preços que me pedem", diz Feng. Segundo ela, há disponibilidade de escritórios médios ou de áreas espalhadas em diferentes prédios em São Paulo, mas não há grandes espaços disponíveis no mesmo edifício -ao menos não em quantidade tal que possa forçar a queda dos preços.
Feng destaca que os prédios de luxo empregam tecnologia de ponta e materiais nobres, o que impede uma retração muito acentuada nos preços do aluguel. "Não existe milagre. Não tem como fazer um edifício com tecnologia de ponta e alugar a preço de banana."
Um dos edifícios de luxo disponíveis na cidade, na região da avenida Paulista, com 10 mil m2 disponíveis, teve um contrato de pré-locação fechado antes que as obras terminassem. O aluguel combinado era R$ 120 por m2. Com a crise, o contrato foi rescindido. Agora, dois meses após o lançamento do prédio, todos os andares continuam vazios. (VERENA FORNETTI)

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