São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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MERCOSUL
Ministro Clóvis Carvalho diz que protecionismo objetiva reverter pesquisas desfavoráveis à situação
Argentina faz lance eleitoral, diz Brasil

RICARDO GALHARDO
em Brasília

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Clóvis Carvalho, disse ontem ser possível que as medidas protecionistas tomadas pelo governo argentino nas últimas duas semanas tenham motivação eleitoral.
As eleições argentinas acontecem em outubro e, segundo pesquisa divulgada sábado pelo jornal "La Nacion", o candidato da oposição, Fernando de la Rúa, está liderando a corrida pela sucessão de Carlos Menem na Presidência.
De acordo com o "La Nacion", de la Rúa, apoiado pela coalizão de oposição (Aliança), tem 45% das intenções de voto, contra 32% do peronista Eduardo Duhalde, do Partido Justicialista, o mesmo do presidente Menem.
"As dificuldades certamente podem vir a cada momento que um país tem seu ciclo de vida democrática. Nós já passamos por isso também", disse Carvalho.
O governo argentino anunciou na sexta-feira -véspera da divulgação da pesquisa- que poderá adotar medidas de proteção contra qualquer produto importado dos seus parceiros do Mercosul (Brasil, Uruguai e Paraguai) que seja considerado uma ameaça à indústria do país.
A resolução, assinada pelo ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández, legaliza o uso de salvaguardas (mecanismo que permite estabelecer barreiras comerciais) no bloco. Essa medida está em vigor desde ontem.
Na semana retrasada, o secretário argentino de Indústria e Comércio, Alieto Guadagni, já havia anunciado a adoção de salvaguardas contra produtos têxteis brasileiros.
Essas medidas levaram o Itamaraty a divulgar uma nota na qual classifica a ação do governo argentino de um "retrocesso inaceitável" no processo de integração econômica do Mercosul.
A Argentina é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas dos EUA. Em 98, o Brasil exportou US$ 6,7 bilhões para a Argentina. Esse valor corresponde a 13,2% de todas as exportações brasileiras no ano passado.
Carvalho, em nota à imprensa distribuída na sexta-feira, disse que salvaguardas "não podem ser toleradas pelo governo brasileiro". A OMC deverá se manifestar sobre o assunto entre os dias 2 e 6 de agosto.



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