ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

A companhia estatal Electricité de France (EDF) pode vender sua participação na Light, que chega a 94% das ações, se as dificuldades da sua filial brasileira continuarem aumentando. A decisão faria parte de um plano geral de liquidação das participações da empresa em vários países, inclusive na China, na Áustria e na Suécia.
As contas da EDF estão se encaminhando para o vermelho em 2002 e o governo francês pressiona a estatal para que ela acelere o "inventário de suas filiais estrangeiras" a fim de encontrar fontes de liquidez, afirmou ontem o jornal econômico "La Tribune".
Segundo a reportagem, a venda da filial brasileira pode ser algo que se imponha rapidamente, "caso, claro, ela encontre um comprador". "No momento, a EDF tenta salvar o que pode ser salvo, trocando as equipes e recapitalizando a Light em intervalos regulares", escreveu o jornal.
Caso a venda eventual da Light não garanta à EDF o capital de que ela precisa, o Tesouro francês não hesitaria em "sacrificar" outras empresas, em outros países. A EDF, criada em 1946, é uma das maiores companhias energéticas do mundo. Na França, atende a 31 milhões de usuários.

Na Argentina
A EDF não vai honrar o pagamento de uma dívida de US$ 91 milhões que vence nesta semana de sua subsidiária na Argentina, que controla a geração e distribuição de energia na Grande Buenos Aires. Segundo o jornal "La Nación", a dívida deverá ser renegociada entre a EDF e os credores nos próximos 90 dias.
Com a desvalorização cambial de 70% acumulada neste ano, diversas empresas de serviços públicos já anunciaram que terão de renegociar suas dívidas em dólar.