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VINICIUS TORRES FREIRE
Por que a economia parou? Parou?
HOUVE DECEPÇÃO ou sobressalto com os números ruins
da economia no final do primeiro semestre. A decepção levou
economistas a prever que a estimativa do governo Lula, de crescimento
de 4% neste ano, vai ser frustrada.
Os décimos imponderáveis das estatísticas de um ano em particular
não fazem lá muita diferença para o
cidadão que vive nas ruas, e não em
tabelas ou no horário eleitoral. O PIB
cresceu 3,7% ou 3,5%? E daí?
Porém algo estranho ocorre faz
tempo na indústria. Os meses quentes da economia ainda estão por vir e,
quando entrar setembro, pode se
derreter todo o palavreado que gastamos com a notícia de ontem. Enquanto setembro não vem, continua
o inverno da nossa desconfiança (o
comentário a seguir adapta um modelo de análise de economistas de
conjuntura da UFRJ).
INDÚSTRIA PARANDO
A indústria vem desacelerando
desde fevereiro de 2005, quando
então crescia a 8,6% (na comparação do crescimento de 12 meses
contra o dos 12 meses anteriores).
Em fevereiro deste ano, crescia a
3%. Agora, se arrasta a cerca de 2%.
Mas o Banco Central vem reduzindo os juros desde setembro do
ano passado. Quando o Banco Central reduzia juros, a indústria costumava correr na frente do PIB
-isto é, crescer mais do que o conjunto da economia. Foi a indústria
que mudou de hábitos ou é o PIB
que vai crescer menos mesmo?
VAREJO E BANCOS
As vendas do comércio varejista
deram uma rateada em junho, mas
estão bem acima dos níveis de
2005, contrariando a modorra da
indústria. A massa de salários nas
grandes cidades está crescendo
mais de 5% sobre o ano passado.
O total de empréstimos às pessoas físicas (aqueles para comprar
carro, por exemplo), apesar da chorumela sobre inadimplências, cresce a cerca de 28% ao ano. A velocidade diminui desde maio de 2005,
mas ainda é uma expansão de respeito. De resto, o crédito total ao setor privado mantém mais ou menos
o mesmo ritmo desde 2005. Onde
está o mistério?
COMÉRCIO EXTERIOR
A balança comercial não resolve
as dúvidas, mas talvez explique
parte da queda do desempenho da
indústria. A velocidade do crescimento das exportações de bens
manufaturados, em quantidade,
caiu a um quarto do que era havia
um ano. As importações de bens intermediários, que acompanhavam
o crescimento da indústria até fevereiro, começaram a crescer mais.
Isto é, pode ser que bens importados comecem a substituir de maneira mais relevante os bens fabricados no país. É o real valorizado?
Difícil dizer. Dólar barato tem efeitos benéficos também. O mistério
pode durar até novembro, quando
sai o PIB do terceiro trimestre.
@ - vinit@uol.com.br
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