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Brasil é um dos mercados que mais perdem na crise
Queda dos ativos do país em mercados só é inferior à da Turquia, aponta banco
Índice do Morgan Stanley aponta queda de 17,6% nos ativos do mercado brasileiro no último mês; nos EUA, perda foi menor, de 5,16%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As turbulências que têm sacudido os mercados financeiros nas últimas semanas têm
punido tanto os emergentes
quanto os países desenvolvidos. E, nessa montanha-russa
financeira, o Brasil está entre
os que mais têm sofrido.
Considerando o período de
um mês encerrado no último
dia 23, o Brasil só perdeu menos que a Turquia. O índice
MSCI-Barra, feito pela instituição financeira americana Morgan Stanley Capital International, aponta queda de 17,60%
para o mercado brasileiro, enquanto o da Turquia perdeu
20,37% nesse período. Esse índice é calculado a partir da oscilação de ativos (ações e outros
títulos), dolarizados, dos mercados de capitais de cada país.
Os EUA, epicentro da crise,
viram seu mercado cair de forma bem mais moderada nesse
período: 5,16%. O mercado japonês sofreu queda próxima à
norte-americana, de 5,36%.
Dentre os latino-americanos,
o México amargou baixa de
9,98%, a Argentina, de 7,93%, e
o Chile, de 7,22%.
William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em
Finanças da Fundação Getulio
Vargas, afirma que as fortes oscilações dos ativos brasileiros
"ocorrem devido ao porte do
nosso mercado, que é muito
grande em comparação aos de
outros emergentes".
"Quando há uma crise, os ativos brasileiros costumam cair
mais rapidamente. Mas, nos
períodos de recuperação, também sobem de forma mais rápida. Muito investidor compra
bastante ativos brasileiros pois
sabem que, se precisarem vender, a liquidez deles é forte",
afirma Eid Júnior.
Para os emergentes como um
todo, o índice MSCI-Barra
apontou uma queda bem menor que a brasileira, de 10,99%,
no período avaliado.
No caso da Bolsa de São Paulo, os investidores estrangeiros
representam 34,4% de todas as
operações realizadas no pregão, sendo a categoria de maior
peso no mercado doméstico.
Aversão ao risco
Neste mês, até o dia 21, os estrangeiros retiraram líquido R$
1,656 bilhão da Bovespa, o que
afetou seu desempenho -a
Bolsa acumula uma queda de
2,19% em agosto.
A venda de títulos da dívida
brasileira no mercado internacional levou o risco-país aos
229 pontos-base no último dia
16 -a maior pontuação desde o
começo de dezembro de 2006.
Quanto mais elevado o risco-país, pior. Esse indicador representa a diferença média entre os juros pagos pelo país para
conseguir recursos no exterior
e as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA, considerados os
mais seguros planeta. Cada
cem pontos-base representa
um ponto percentual nas taxas.
O mercado financeiro global
tem sido afetado, de forma
mais intensa desde 24 de julho,
pela crise no segmento de crédito habitacional de alto risco
dos EUA (chamado de "subprime"). O temor dos investidores
é que essa crise contamine o
desempenho de fundos que investiram em papéis imobiliários e o resultado de grandes
instituições financeiras.
Na tentativa de se antecipar
ao pior, investidores internacionais passaram nas últimas
semanas a vender ativos de
maior risco (como ações e títulos da dívida de emergentes)
para comprar papéis do Tesouro norte-americano. E esse cenário acabou punindo o Brasil,
mesmo que o país não atravessasse um período de incertezas
ou enfrentasse problemas políticos e econômicos.
Na semana passada, com os
investidores menos ariscos ao
risco, os mercados começaram
a ensaiar um processo gradual
de recuperação.
"Se fosse há alguns anos, uma
crise dessa puniria de forma
muito mais contundente o Brasil. Nas últimas semanas, os estrangeiros andaram vendendo
Brasil, mas já começam a voltar
e ajudar a Bolsa a se recuperar",
diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
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