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VEÍCULOS
Consultores já prevêem redução de pedidos, com montadoras paradas
Crise deve atingir setor de autopeças
ADRIANA MATTOS
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise nas montadoras deve
chegar às autopeças. Consultores
prevêem uma redução dos pedidos e uma nova rodada de férias
coletivas e de demissões no setor.
Até o fim da semana, os fornecedores receberão as listas de encomendas para os três últimos
meses do ano. Sindicalistas e empresários já marcaram reunião
para terça-feira para debater reajustes salariais e demissões.
O cenário piorou tanto que até a
Anfavea, associação das montadoras, reuniu-se ontem para discutir se irá rever suas previsões de
produção no ano. A entidade resistia a mudá-las, mesmo com a
retração econômica.
O sinal mais recente da piora da
situação veio da Volks. Ontem, a
montadora anunciou que aumentará o total de fábricas e de empregados em férias coletivas. Cinco
mil funcionários da fábrica da
Anchieta, 1.700 de Taubaté (SP) e
parte dos 800 da unidade de São
Carlos (SP) param após 15 de outubro. As férias duram até 20 dias.
Na terça-feira, a Volks havia
anunciado também a abertura de
um programa de demissões voluntárias. Fiat e GM também vão
entrar em férias coletivas. A Ford
pára amanhã, por um dia.
"A situação é grave, mas o quadro ainda está indefinido", diz
André Beer, ex-presidente da GM
brasileira e presidente de uma
consultoria. Para Beer, a produção deve ficar entre 120 mil e 140
mil carros por mês até o fim do
ano, abaixo dos 164 mil de junho
ou 155 mil de julho e agosto.
Esses números poderiam ser
ainda piores se não fossem as promoções agressivas das montadoras, diz David Wong, analista da
Booz Allen & Hamilton. "Há um
desespero das montadoras para
se livrar dos estoques." Em agosto, fábricas e concessionárias acumulavam estoques equivalentes a
47 dias de vendas, mais do que o
dobro do normal.
"Carro parado no pátio da fábrica é perda de dinheiro. Nas lojas pelo menos há uma chance de
venda. O problema é que os estoques das concessionárias também
estão altos", diz Naú Ozi, diretor
da Sopave, revenda da Volks.
Com a queda nas vendas, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
prevê que a nova onda de problemas venha das fábricas de peças.
"A retração deve bater na porta
das autopeças, mas precisamos
discutir se eles vão querer mesmo
demitir agora e depois ter que recontratar todo mundo", diz Luiz
Marinho, presidente do sindicato.
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