São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2001

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Para Fundo, situação argentina é difícil

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) advertiu ontem que a situação econômica da Argentina ainda é "muito difícil" e considerou como essencial para o país o cumprimento da meta de déficit fiscal zero.
O organismo manteve sua previsão de queda de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) do país para este ano, mas rebaixou de 3% para 2,6% sua previsão de crescimento para o próximo ano, diante do novo quadro de desaceleração global após os atentados terroristas aos Estados Unidos no dia 11.
O governo argentino mantém seu otimismo e prevê crescimento de 6% da economia no ano que vem. Essa previsão foi utilizada para o cálculo da arrecadação no próximo ano no projeto de orçamento enviado ao Congresso há duas semanas.
O prognóstico do FMI para este ano é considerado "otimista" para alguns economistas consultados pela Folha, que consideram que os indicadores econômicos verificados em agosto antecipam retração ainda maior.
"Os números do terceiro trimestre estão péssimos. Ainda que haja uma leve melhora nos últimos meses, o PIB deve fechar o ano com queda de cerca de 2%", afirmou Jorge Ávila, do Centro de Estudos Macroeconômicos da Argentina.

Volta da confiança
Para Ávila, a recessão se aprofundou com o fechamento do mercado internacional de crédito para a Argentina, a partir de julho. Ele considera que a confiança internacional pode voltar lentamente com o cumprimento da meta de equilíbrio fiscal.
"Sem mais cortes de gastos é impossível assegurar o déficit zero, mas vejo o governo determinado em cumprir a lei de ajuste, porque não existem alternativas. Qualquer opção é catastrófica."
Para Ávila, o potencial de crescimento da Argentina no ano que vem é "muito alto", desde que o país consiga manter suas contas públicas equilibradas. "Poderia ser até mesmo superior a 6%", afirmou.
O economista Ricardo Delgado, da consultoria Ecolatina, também prevê queda próxima a 2% no PIB deste ano. Ele considera pouco provável, porém, crescimento significativo em 2002.
"É difícil fazer projeções para o próximo ano, porque ninguém sabe como estará o cenário mundial, mas num contexto de racionamento de capitais e com o principal sócio comercial da Argentina [o Brasil" atravessando um momento difícil, é mais provável imaginar que a recessão deve se manter", disse ele.


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