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Para Fundo, situação argentina é difícil
ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) advertiu ontem que a situação econômica da Argentina
ainda é "muito difícil" e considerou como essencial para o país o
cumprimento da meta de déficit
fiscal zero.
O organismo manteve sua previsão de queda de 1,4% do PIB
(Produto Interno Bruto) do país
para este ano, mas rebaixou de
3% para 2,6% sua previsão de
crescimento para o próximo ano,
diante do novo quadro de desaceleração global após os atentados
terroristas aos Estados Unidos no
dia 11.
O governo argentino mantém
seu otimismo e prevê crescimento
de 6% da economia no ano que
vem. Essa previsão foi utilizada
para o cálculo da arrecadação no
próximo ano no projeto de orçamento enviado ao Congresso há
duas semanas.
O prognóstico do FMI para este
ano é considerado "otimista" para alguns economistas consultados pela Folha, que consideram
que os indicadores econômicos
verificados em agosto antecipam
retração ainda maior.
"Os números do terceiro trimestre estão péssimos. Ainda que
haja uma leve melhora nos últimos meses, o PIB deve fechar o
ano com queda de cerca de 2%",
afirmou Jorge Ávila, do Centro de
Estudos Macroeconômicos da
Argentina.
Volta da confiança
Para Ávila, a recessão se aprofundou com o fechamento do
mercado internacional de crédito
para a Argentina, a partir de julho.
Ele considera que a confiança internacional pode voltar lentamente com o cumprimento da
meta de equilíbrio fiscal.
"Sem mais cortes de gastos é
impossível assegurar o déficit zero, mas vejo o governo determinado em cumprir a lei de ajuste,
porque não existem alternativas.
Qualquer opção é catastrófica."
Para Ávila, o potencial de crescimento da Argentina no ano que
vem é "muito alto", desde que o
país consiga manter suas contas
públicas equilibradas. "Poderia
ser até mesmo superior a 6%",
afirmou.
O economista Ricardo Delgado,
da consultoria Ecolatina, também
prevê queda próxima a 2% no PIB
deste ano. Ele considera pouco
provável, porém, crescimento significativo em 2002.
"É difícil fazer projeções para o
próximo ano, porque ninguém
sabe como estará o cenário mundial, mas num contexto de racionamento de capitais e com o principal sócio comercial da Argentina [o Brasil" atravessando um
momento difícil, é mais provável
imaginar que a recessão deve se
manter", disse ele.
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