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SALTO NO ESCURO
Prejuízo com racionamento será cobrado nas tarifas, que devem pesar no comércio e na indústria
Distribuidoras vão repassar perdas de R$ 3 bi
SÍLVIA MUGNATTO
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A perda das distribuidoras de
energia elétrica com o racionamento estão sendo calculadas pelo governo em R$ 3 bilhões em
2001. Esse deverá ser o total que
elas estarão autorizadas a receber
via aumento de tarifas ainda neste
ano.
A Folha apurou que os cálculos
do governo se baseiam em uma
redução de 20% no faturamento
durante seis meses. As empresas
estariam faturando, portanto,
cerca de R$ 30 bilhões por ano.
Com o objetivo de minimizar os
impactos do repasse sobre a inflação e iniciar um processo de redução dos subsídios cruzados nessas
tarifas, os aumentos deverão atingir basicamente o comércio e a indústria, que pagam hoje tarifas
mais baratas do que as cobradas
dos consumidores residenciais.
As tarifas pagas pelos consumidores residenciais já são consideradas muito altas. Além disso, o
peso da energia elétrica no IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) é de 3,5%. Ou seja, o reajuste seria uma pressão adicional
para a meta de inflação deste ano.
O repasse das perdas com o racionamento é só uma parte da
conta que os consumidores terão
de pagar. O governo vai definir
nos próximos dias como funcionará o mecanismo permanente
de repasse dos custos chamados
"não-gerenciáveis" para as tarifas.
Dólar
Entre esses custos, estão os ligados à alta do dólar: subsídio à geração termelétrica com óleo combustível (CCC, conta consumo de
combustíveis) e energia comprada da geradora Itaipu. Esses custos tiveram alta significativa neste
ano. Atualmente, o mecanismo
de reajuste usado pela Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) não permite o repasse integral desses custos.
O novo mecanismo é uma conta
de compensação na qual o governo - por meio de uma estatal -
banca a variação dos custos durante o ano e repassa para a distribuidora no momento do reajuste
anual de tarifa, quando ela pode
repassar integralmente aos consumidores. Dessa forma, os reajustes de tarifa de energia serão
maiores a partir da regulamentação do mecanismo de repasse.
Além dos custos não-gerenciáveis e das perdas do racionamento, distribuidoras e geradoras ainda repassarão ao consumidor o
resultado de conflito do Anexo 5
- parte dos contratos que estabelece quem, entre geradoras e
distribuidoras, paga a conta pela
falta de energia no racionamento.
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