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MERCADO FINANCEIRO
Projeção para Selic no fim do ano cai de 17,5% para 17% após BC divulgar que vai mirar meta maior de inflação
Ata do Copom reduz expectativa sobre juro
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros no mercado futuro
com vencimento em janeiro de
2005 caíram desde o início da semana passada e embutem agora a
expectativa de que a taxa básica, a
Selic, estará em 17% na virada
deste ano.
Apesar da divulgação de aumento do superávit primário e da
flexibilização da meta de inflação
para 2005, o mercado financeiro
continua a esperar alta de juros
nos próximos dois meses. Queda
da taxa básica, segundo economistas, só deve ocorrer a partir de
abril ou maio do ano que vem.
Em compensação, deve ganhar
força o grupo de diretores do Copom que defendia um aumento
menor e mais gradual nos juros,
afirmam analistas. A inflação desacelera, a renda cai e dados do
mercado de trabalho não são animadores.
O DI (Depósito Interbancário)
futuro com vencimento em janeiro de 2005 fechou na sexta com taxa de 16,67%, o que indica que investidores acreditam que a Selic,
hoje em 16,25%, estará 0,75 ponto
mais alta na virada deste ano.
Houve queda dessa projeção em
relação à segunda-feira passada,
antes, portanto, da divulgação da
ata do Copom (Comitê de Política
Monetária), que surpreendeu o
mercado ao anunciar a elevação
do alvo central de inflação de
4,5% para 5,1% para 2005.
A taxa então negociada na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros) embutia a aposta de investidores de que os juros básicos
estariam em 17,5% no fim do ano.
A elevação do superávit primário (economia para o pagamento
de juros) de 4,25% para 4,5% do
PIB já era esperada.
"O superávit maior já era previsto porque a arrecadação está
muito forte. Se não o aumentassem, geraria explosão de gasto
público", diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas.
"Só não se sabia qual seria o percentual de aumento", completa
Jorge Simino, sócio-diretor da MS
Consult. "A conjugação dessa
medida esperada à surpresa da
elevação da meta [de inflação] foi
importante para afastar do imaginário dos mais radicais a possibilidade de que o juro chegasse a
18% ou 18,5% até o final do ano."
Ainda assim, a projeção de alta
do juro se mantém porque a política monetária segue restritiva.
"O Copom mencionou na ata o
início de um processo de aperto.
Poderiam não aumentar, mas é
difícil, a menos que saiam dados
muito bons", diz Lintz, que considerava precipitada a alta de juros
na reunião passada do Copom.
"Continuo achando que não deveriam subir os juros, mas acredito que farão mais dois aumentos
de 0,25 ponto, em outubro e novembro, para levar a taxa a terminar o ano em 16,75%", afirma.
A avaliação de boa parte do
mercado é que indicadores de
preços deverão recuar mais. Dólar a R$ 2,87 e risco-país em 477
pontos dão tranqüilidade às projeções de inflação.
Em sua próxima reunião, o Copom deverá ter em mãos uma
melhora no índice cheio do IPCA
(que norteia as decisões do comitê). Passou a safra de aumentos de
tarifas, mas poderão persistir
pressões no atacado, em razão do
aumento de commodities.
A média das expectativas de inflação para 2005 havia subido no
início da semana passada, segundo o boletim Focus do BC, de
5,78% para 5,86%, acima do centro ampliado da meta, de 5,1%.
"Por isso, o Copom acerta ao
manter o rigor. A expectativa é o
principal componente da inflação
corrente", diz Lintz. Se os preços
do petróleo despencarem, não haverá aceleração do corte de juros.
O BC, segundo a ata, aproveitará
para reverter para a meta central.
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