São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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Elevação dos juros pode não conter inflação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda faltam mais de três meses para o início de 2005, e mais de 40% da meta de inflação para o próximo ano, 5,1%, já está comprometida, segundo dados da consultoria Global Invest. E os juros mais elevados praticados pelo Banco Central não irão modificar significativamente esse quadro.
"Apenas o impacto do aumentos das tarifas públicas na inflação será de 2,1 pontos percentuais, devido à sua indexação ao IGP (Índice Geral de Preços)", diz o analista da consultoria, Paulo Gomes. Os contratos de concessão prevêem que os reajustes de telefone e de energia elétrica, por exemplo, sejam baseados na variação do IGP do ano anterior.
Entre janeiro e agosto, o IGP-DI já acumula alta de 9,53%. A variação a ser registrada pelo índice neste ano deve fazer com que o conjunto de preços administrados tenha um reajuste de 7% em 2005.
Nesse cenário, os juros terão efeito reduzido sobre a inflação. Em tese, taxas mais elevadas servem para desaquecer a economia, o que reduziria a margem das empresas para reajustar seus preços, pois o consumo cai. Como as tarifas são reajustadas por cláusulas contratuais que independem do ritmo de crescimento econômico, a ação do Banco Central acaba perdendo eficácia.
O custo disso seria um desaquecimento da economia, sem que houvesse um efeito muito positivo sobre a inflação. Para o diretor-executivo da Fecomércio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Antônio Carlos Borges, o efeito da alta irá atingir a economia num momento em que o crescimento não se consolidou.
Luiz Roberto Cunha, professor de PUC-RJ, afirma que para o país poder crescer seria preciso estabelecer uma meta de inflação menos ambiciosa.


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