São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Slim cobra da Telefónica "clareza" sobre atuação no Brasil; espanhóis rebatem

DO "FINANCIAL TIMES"

Carlos Slim, o bilionário mexicano das telecomunicações, cobrou da arquirrival Telefónica, da Espanha, que seja clara sobre seus planos no mercado de celulares no Brasil, o de crescimento mais rápido na América Latina.
O grupo espanhol faz parte de um consórcio que assumiu uma participação controladora na Telecom Italia, que é dona da TIM no Brasil -vice-líder do mercado de celulares. A Telefónica já é dona da Vivo, a maior do mercado brasileiro, em joint-venture com a Portugal Telecom. Slim e os espanhóis também duelam em telefonia fixa e internet.
Mas, num esforço para conseguir a aprovação da Anatel (agência reguladora do setor), a Telefónica disse que não exercerá qualquer influência sobre a TIM no Brasil, apesar de pretender fazer parte do grupo que controla a matriz italiana. A Anatel deve decidir sobre o negócio em outubro.
Em entrevista ao "FT", Slim, considerado o homem mais rico do mundo, disse que a situação está "confusa".
"A coisa lógica a fazer, e por isso acho ruim que eles [a Telefónica] não definam a situação, é que a Telefónica se una à Telecom Italia no Brasil. O que não gostamos é dessa incerteza, incerteza para a agência reguladora brasileira, incerteza para seus concorrentes, incerteza para o mercado", afirmou Slim.
Procurada, a Telefónica disse que seu compromisso de não interferir no Brasil, ou em qualquer outro país onde as duas companhias estejam presentes, está sacramentado num acordo com seus sócios na Telecom Italia.
Slim chegou a disputar com a Telefónica a compra da participação na tele italiana, como parte de uma oferta conjunta com a AT&T neste ano.
O negócio teria dado a Slim, dono da Telmex, operadora de linhas fixas no México, e da América Móvil, de celulares, uma fatia da Telecom Italia e, mais importante, presença maior no mercado brasileiro.
Mas a oferta conjunta não deu certo, com a AT&T culpando a "incerteza" política e regulatória, depois do que a Telefónica entrou com sua oferta. A confirmação dessa oferta agora depende da aprovação das autoridades do Brasil e da Argentina, onde o grupo italiano também opera.
Slim, que tentou deter o acordo da Telefónica -a Claro, sua operadora de celular, conseguiu uma decisão temporária da Justiça para impedir que a Anatel considerasse o caso-, acusou os espanhóis de "falta de clareza".
"É confuso. De um lado eles têm essa realidade [como parte do grupo controlador italiano] e de outro dizem que não têm nada a ver com a operação. É como ser o parceiro principal de um grupo controlador de uma companhia e dizer que não tem nada a ver com essa companhia."


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