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Oposição vê avanço em acordo para socorro
Democratas dizem que negociação com republicanos progrediu e que pode ser fechada amanhã; Bolsa de NY sobe 1,1%
Pesquisa mostra que 45%
da população americana é contra ajuda do governo Bush às instituições financeiras de Wall Street
DA REDAÇÃO
Depois do entrave do dia anterior, as negociações entre os
congressistas americanos para
a aprovação do pacote para tentar aliviar a crise nos mercados
financeiros avançaram ontem.
A oposição democrata diz esperar que um acordo seja fechado ainda amanhã. A expectativa animou as Bolsas dos
EUA, apesar da quebra do Washington Mutual, um dos maiores bancos do país.
"Eu acredito que houve progresso", disse na tarde de ontem a presidente do Congresso,
a democrata Nancy Pelosi, após
hora de negociações. "Estamos
de voltas ao trilhos."
Ela disse que os congressistas ficarão em Washington o
tempo que for necessário, mas
que espera ter um acordo fechado logo "porque os mercados precisam de uma mensagem nossa".
Apesar dos avanços, os democratas voltaram a atacar o
candidato da situação à sucessão presidencial, John McCain,
que, ao lado de deputados republicanos, foi apontado, especialmente pela oposição, como
responsável pela entrave de anteontem. "Agora que o senador
McCain está em segurança no
Mississippi [onde ocorreria o
debate presidencial com Barack Obama], podemos voltar
ao trabalho", afirmou o deputado Barney Frank, que disse estar "convencido" que um acordo será finalizado até amanhã.
Nem Pelosi nem Frank deram detalhes do que foi negociado. A expectativa é que algumas idéias dos republicanos sejam incorporadas ao plano inicial, que prevê, entre outras
medidas, US$ 700 bilhões (metade do PIB brasileiro de 2007)
para o governo comprar títulos
podres de instituições financeiras e restrições aos altos salários das executivos das firmas
que receberem ajuda.
Os deputados republicanos
queriam um pacote em que o
governo (no lugar de comprar
os títulos podres) financiaria o
seguro dos ativos problemáticos das instituições financeiras
-que, em troca, pagariam um
prêmio ao Tesouro. Ontem, porém, alguns já falavam em um
modelo híbrido, em que o Tesouro americano compraria
parte dos títulos, os considerados mais problemáticos.
A esperança de que um acordo seja fechado antes da abertura dos mercados na segunda
animou investidores. O índice
Dow Jones, o principal da Bolsa
de Nova York, subiu 1,10%.
Mas os democratas, que têm
maioria no Congresso, deixaram claro que não aprovarão
sozinhos o projeto. "Essa é uma
proposta do presidente Bush.
Estamos tentando ajudar porque achamos que existe uma
crise. Mas você pode imaginar
que existe bastante controvérsia também do outro lado do
corredor. Ninguém quer ser
visto como os que resgataram
Wall Street. Mas precisamos
estabilizar Wall Street ou a falência de Wall Street vai reverberar por toda a economia",
disse o deputado Steny Hoyer.
A oposição não quer assumir
o ônus de um projeto que quase
metade da população diz ser
contrária e que acontece a pouco mais de um mês das eleições
em que, além da disputa presidencial, estarão em jogo todas
as cadeiras da Câmara e um terço das do Senado. Segundo pesquisa da Associated Press, 45%
são contra o plano, e 30% dizem ser favoráveis -os demais
afirmaram não saber.
O primeiro sinal de avanço
nas negociações foi a presença
de um líder dos deputados republicanos na reunião de ontem, depois de o grupo ter desistido de participar no encontro da noite do dia anterior, em
que se tentaram reavivar as negociações. Eles apresentaram
um novo projeto na reunião anteontem com o governo americano, depois de o Congresso
anunciar um acordo-o que os
republicanos negaram-, o que
foi considerado a principal razão para o impasse.
Vistos pelos democratas como os culpados pelo fracasso
das negociações anteontem, os
deputados republicanos começaram o dia no ataque à oposição, dizendo que em nenhum
momento chegaram a um acordo, e em defesa de McCain.
"Ele levou a discussão para o
caminho que nós queríamos
que fosse durante toda a semana", afirmou Roy Blunt, o vice-líder republicano, que disse que
os deputados do partidos não
participariam das negociações
se não fosse McCain.
O presidente George W.
Bush também preferiu acalmar
os ânimos, preferindo não colocar a culpa nos membros do seu
partido. "Os membros [do Congresso] querem ser ouvidos,
eles querem poder expressar as
suas opinião. Existem discordâncias em relação a aspectos
do plano de resgate, mas não há
discordância de que algo substancial precisa ser feito."
Sem um acordo e com um
proposta nova na mesa, as negociações estavam tão tensas
anteontem que o secretário do
Tesouro, Henry Paulson, interrompeu a conversa de um pequeno grupo de democratas pedindo que eles não falassem nada que pudesse impedir um
acordo. Em um determinado
momento, de brincadeira, o secretário americano chegou até
a ficar de joelho.
Com agências internacionais
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