São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Potencial de estrago é "até mais grave que o de 1930", diz presidente do BNDES

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse ontem, durante seminário na Unicamp, que a "crise financeira atual é muito grave" e que seu potencial de estrago é "até mais grave do que a de 1930". Pelos fatores citados, afirmou que pode haver desaceleração do crescimento do país em 2009.
No entanto, Coutinho disse que o Brasil apresenta condições econômicas sólidas para superar as dificuldades. "Considero que a economia brasileira tem condições hoje muito mais favoráveis do que no passado de poder atravessar esta crise, certamente crescendo menos, mas pode atravessar esta crise sem retrocesso."
Na semana passada, o ex-diretor-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional) Rodrigo de Rato também equiparou a crise financeira atual à de 1929 -que provocou a quebra da Bolsa de Nova York.
Para Coutinho, a resposta política do governo americano para conter a crise por meio de um pacote financeiro é "atordoada e improvisada", apesar de a reação ocorrer agora em uma velocidade muito maior do que aconteceu em 1929.
"A resposta política, embora pareça mais atordoada e improvisada, e de fato tem sido assim, está acontecendo numa velocidade muito maior. Certamente, espero que a crise não chegue tão longe e que processos de defesa sejam acionados."
Na avaliação do presidente do BNDES, o Brasil tem condições hoje mais favoráveis do que no passado para atravessar a crise porque tem fundamentos mais consistentes.
"Temos US$ 200 bilhões de reservas internacionais, aumentamos o superávit primário, o país já é grau de investimento e apresenta uma velocidade importante de expansão para os investimentos, quase duas vezes e meia superior ao ritmo do crescimento do PIB, que já é expressivo", disse.
O presidente do BNDES atribuiu parte do potencial brasileiro de superar a atual crise ao crescimento da demanda doméstica, com a geração de emprego e renda.
"O potencial de expansão do crédito interno é visível. Ainda há muito gás pela frente e ainda é possível expandir o crédito. Obviamente, é desejável que se expanda com regras de prudência", disse Coutinho. Para ele, "o grande trunfo da economia brasileira é o crescimento da economia doméstica", mesmo com a tendência de desaceleração. "O grande desafio é manter a ascensão da taxa de investimento em 2009."

Nova diretoria
O BNDES anunciou ontem a criação de uma diretoria de Gestão Corporativa. O estatuto do banco foi alterado para permitir o aumento do número de diretores de cinco para seis.
O novo executivo é Luiz Fernando Dorneles, funcionário de carreira do banco. A nova diretoria vai tratar de assuntos corporativos, como tecnologia da informação e recursos humanos.O banco destaca que cerca de 30% dos seus 2.000 empregados deverão ser substituídos até 2012.


Colaborou a Sucursal do Rio


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