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Potencial de estrago é "até mais grave que o de 1930", diz presidente do BNDES
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
O presidente do BNDES
(Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, disse ontem, durante seminário na Unicamp, que a "crise financeira
atual é muito grave" e que seu
potencial de estrago é "até mais
grave do que a de 1930". Pelos
fatores citados, afirmou que
pode haver desaceleração do
crescimento do país em 2009.
No entanto, Coutinho disse
que o Brasil apresenta condições econômicas sólidas para
superar as dificuldades. "Considero que a economia brasileira tem condições hoje muito
mais favoráveis do que no passado de poder atravessar esta
crise, certamente crescendo
menos, mas pode atravessar esta crise sem retrocesso."
Na semana passada, o ex-diretor-geral do FMI (Fundo
Monetário Internacional) Rodrigo de Rato também equiparou a crise financeira atual à de
1929 -que provocou a quebra
da Bolsa de Nova York.
Para Coutinho, a resposta
política do governo americano
para conter a crise por meio de
um pacote financeiro é "atordoada e improvisada", apesar
de a reação ocorrer agora em
uma velocidade muito maior
do que aconteceu em 1929.
"A resposta política, embora
pareça mais atordoada e improvisada, e de fato tem sido assim, está acontecendo numa
velocidade muito maior. Certamente, espero que a crise não
chegue tão longe e que processos de defesa sejam acionados."
Na avaliação do presidente
do BNDES, o Brasil tem condições hoje mais favoráveis do
que no passado para atravessar
a crise porque tem fundamentos mais consistentes.
"Temos US$ 200 bilhões de
reservas internacionais, aumentamos o superávit primário, o país já é grau de investimento e apresenta uma velocidade importante de expansão
para os investimentos, quase
duas vezes e meia superior ao
ritmo do crescimento do PIB,
que já é expressivo", disse.
O presidente do BNDES atribuiu parte do potencial brasileiro de superar a atual crise ao
crescimento da demanda doméstica, com a geração de emprego e renda.
"O potencial de expansão do
crédito interno é visível. Ainda
há muito gás pela frente e ainda
é possível expandir o crédito.
Obviamente, é desejável que se
expanda com regras de prudência", disse Coutinho. Para ele,
"o grande trunfo da economia
brasileira é o crescimento da
economia doméstica", mesmo
com a tendência de desaceleração. "O grande desafio é manter
a ascensão da taxa de investimento em 2009."
Nova diretoria
O BNDES anunciou ontem a
criação de uma diretoria de
Gestão Corporativa. O estatuto
do banco foi alterado para permitir o aumento do número de
diretores de cinco para seis.
O novo executivo é Luiz Fernando Dorneles, funcionário
de carreira do banco. A nova diretoria vai tratar de assuntos
corporativos, como tecnologia
da informação e recursos humanos.O banco destaca que
cerca de 30% dos seus 2.000
empregados deverão ser substituídos até 2012.
Colaborou a Sucursal do Rio
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