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Incertezas marcam estréia do "Brazilian Day", em Londres
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
O primeiro "Brazilian Day"
da história da Bolsa de Londres
foi marcado ontem pelo clima
de incerteza provocado pela
crise econômica global. "Sinceramente, espero que os americanos tenham chegado a uma
decisão sobre o pacote, porque
está afetando os mercados. Alguns investidores talvez estejam atrasados, preocupados
com outros assuntos", disse logo de saída o apresentador,
quando a Bolsa já caía fortemente, no início da manhã.
Oito grandes empresas brasileiras, entre elas Gerdau, JBS
Friboi, Petrobras, CSN e Bradesco, apresentaram-se por 20
minutos cada uma para tentar
convencer os investidores estrangeiros a colocar, ou ao menos manter, o dinheiro no país.
Durante a manhã, em torno
de 60 pessoas estavam no auditório de cerca de 130 lugares,
parte delas representantes das
empresas brasileiras. De acordo com a Bolsa de Londres, havia mais de 90 inscritos, e muitos só chegariam à tarde, para
reuniões separadas diretamente com os representantes.
"Não são as condições ideais,
mas já estava planejado há bastante tempo. Temos bastante
gente por aqui, mesmo com a
crise", disse Graham Dallas, da
Bolsa de Londres.
Mais do que conseguir novos
investimentos, o encontro com
os investidores é importante
também num momento de turbulência para tranqüilizá-los,
falaram alguns dos participantes, em conversas reservadas.
Em entrevistas e nas apresentações, os executivos demonstravam confiança e tentavam mostrar que suas empresas sobreviverão praticamente
incólumes à crise.
"É uma flutuação de muito
curto prazo e nós planejamos
10, 15 anos para a frente. Nossas
estimativas são conservadoras,
e o que está acontecendo agora
é só um ruído no fundo da sala",
disse Theodore Helms, gerente-geral de relações com o investidor da Petrobras.
"Nós temos hoje dois grupos.
Um acredita que vai desacelerar, mas não o suficiente para
esfriar o consumo de commodities, e a gente se inclui nessa
visão. E outro dos que já embarcaram num pessimismo
exagerado, que acha que vai parar. Está dividido, 50 a 50", afirmou David Moise Salama, gerente de relações com o investidor da CSN.
"A crise mais do que nunca
comprova a solidez do sistema
financeiro brasileiro. Os investidores estão começando a analisar não apenas os resultados,
mas a qualidade dos balanços.
Mais do que nunca, isso conta, e
estamos muito bem preparados", disse Jean Phillippe Leroy, do Bradesco.
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