São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Incertezas marcam estréia do "Brazilian Day", em Londres

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

O primeiro "Brazilian Day" da história da Bolsa de Londres foi marcado ontem pelo clima de incerteza provocado pela crise econômica global. "Sinceramente, espero que os americanos tenham chegado a uma decisão sobre o pacote, porque está afetando os mercados. Alguns investidores talvez estejam atrasados, preocupados com outros assuntos", disse logo de saída o apresentador, quando a Bolsa já caía fortemente, no início da manhã.
Oito grandes empresas brasileiras, entre elas Gerdau, JBS Friboi, Petrobras, CSN e Bradesco, apresentaram-se por 20 minutos cada uma para tentar convencer os investidores estrangeiros a colocar, ou ao menos manter, o dinheiro no país.
Durante a manhã, em torno de 60 pessoas estavam no auditório de cerca de 130 lugares, parte delas representantes das empresas brasileiras. De acordo com a Bolsa de Londres, havia mais de 90 inscritos, e muitos só chegariam à tarde, para reuniões separadas diretamente com os representantes.
"Não são as condições ideais, mas já estava planejado há bastante tempo. Temos bastante gente por aqui, mesmo com a crise", disse Graham Dallas, da Bolsa de Londres.
Mais do que conseguir novos investimentos, o encontro com os investidores é importante também num momento de turbulência para tranqüilizá-los, falaram alguns dos participantes, em conversas reservadas.
Em entrevistas e nas apresentações, os executivos demonstravam confiança e tentavam mostrar que suas empresas sobreviverão praticamente incólumes à crise.
"É uma flutuação de muito curto prazo e nós planejamos 10, 15 anos para a frente. Nossas estimativas são conservadoras, e o que está acontecendo agora é só um ruído no fundo da sala", disse Theodore Helms, gerente-geral de relações com o investidor da Petrobras.
"Nós temos hoje dois grupos. Um acredita que vai desacelerar, mas não o suficiente para esfriar o consumo de commodities, e a gente se inclui nessa visão. E outro dos que já embarcaram num pessimismo exagerado, que acha que vai parar. Está dividido, 50 a 50", afirmou David Moise Salama, gerente de relações com o investidor da CSN.
"A crise mais do que nunca comprova a solidez do sistema financeiro brasileiro. Os investidores estão começando a analisar não apenas os resultados, mas a qualidade dos balanços. Mais do que nunca, isso conta, e estamos muito bem preparados", disse Jean Phillippe Leroy, do Bradesco.


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