São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Crise leva França a adiar déficit menor

Nicolas Sarkozy arquiva planos e prevê menor expansão da economia

Déficit previsto no Orçamento permanecerá em 2,7% do PIB em 2008 e em 2009; equilíbrio não virá até 2012, como prometido

DA BLOOMBERG

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, arquivou seus planos de reduzir o déficit, no seu segundo projeto de Orçamento, divulgado ontem. Ele previu também a menor expansão econômica em pelo menos cinco anos. O Orçamento se baseia na previsão de crescimento econômico de 1% neste ano e no próximo, menos da metade do registrado em 2007.
Isso fará com que a França disponha de menos renda e tenha mais custos com bem-estar social. O déficit previsto no Orçamento se manterá em 2,7% do PIB em 2008 e em 2009. O governo não conseguirá equilibrar o Orçamento até 2012, como prometido anteriormente.
"Isso é fácil de explicar: a arrecadação de tributos está encolhendo", disse o ministro do Orçamento, Eric Woerth, em entrevista à rádio RTL. "Menos crescimento econômico significa menos arrecadação fiscal." Ele citou a alta no custo da dívida e a inflação como outros fatores que elevam o déficit.
Os cortes de tributos realizados por Sarkozy neste ano, de 8 bilhões (US$ 11,7 bilhões), não foram suficientes para incentivar o crescimento, uma vez que a disparada dos preços das commodities alimentou a inflação e a demanda mundial se desacelerou devido à crise de crédito, que já dura um ano.
A economia francesa, a segunda maior da zona do euro, contraiu-se e fechou postos de trabalho no segundo trimestre, o que derrubou a confiança do consumidor para baixas recordes, com redução de gastos.
Entre as medidas previstas para manter o déficit inferior ao limite estabelecido pela União Européia, de 3% do PIB, a França reduzirá gastos, não substituirá a metade dos funcionários públicos que se aposentarem e elevará tributos para financiar os incentivos para que os desempregados voltem ao mercado de trabalho.
Inicialmente, o governo francês planejava reduzir o déficit para 2,5% neste ano e para 2% no próximo. O novo projeto de Orçamento prevê déficit de 2% em 2010, de 1,2% em 2011 e de 0,5% em 2012.
A União Européia pede a seus membros que façam esforços com o objetivo de equilibrar os Orçamentos até 2010.
"Se há um país da zona do euro com situação problemática em relação aos 3% [de déficit] é a França", disse Natacha Valla, economista do Goldman Sachs.
O déficit do governo central deve atingir 49,4 bilhões neste ano, contra 41,7 bilhões estimados anteriormente. Em 2009, a previsão é que o déficit cresça para 52,1 bilhões.


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