São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Queda de juros deve continuar em 2007

Em ata, BC afirma que chegou a analisar, na semana passada, corte de apenas 0,25 ponto na Selic, mas prevaleceu redução de 0,5

Ao reduzir projeções de novos reajustes de tarifas, Copom acena com a continuidade de queda da taxa básica no ano que vem


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu sua projeção para o aumento esperado das tarifas públicas e dos preços administrados no ano que vem, reforçando a expectativa de analistas de mercado de que os juros continuarão em queda ao longo de 2007.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) reduziu a taxa Selic de 14,25% ao ano para 13,75%. Foi o 11º corte seguido nos juros. Ontem, foi divulgado o documento que explica os motivos que levaram à decisão.
Segundo o texto, a diretoria do BC chegou a considerar a possibilidade de baixar os juros em apenas 0,25 ponto percentual, mas concluiu que a "melhora significativa no cenário prospectivo para a inflação" dava espaço para um corte maior.
Entre os fatores que explicam essa melhora do cenário apontada pelo BC estão a queda nas expectativas do setor privado sobre a inflação e o próprio comportamento, melhor do que o esperado, dos principais índices de preço.
Mas o item que mais se destacou foi a queda na projeção de aumento dos chamados preços monitorados -que inclui tarifas públicas e preços como o dos combustíveis- no ano que vem. A estimativa passou de 6,1% para 5,4%, o que significa menos pressão sobre a inflação.
A expectativa do mercado é que o IPCA suba 4,2% em 2007 -abaixo dos 4,5% da meta do governo. E há quem considere que as estimativas estão um pouco superestimadas e podem cair. "O mercado ainda não parou para analisar com lupa a inflação de 2007. Quando isso acontecer, acho que vai ter muita gente revisando esses números para baixo", afirma Carlos Cintra, gerente de renda fixa do banco Prosper.
Segundo Cintra, a maior parte dos analistas de mercado ainda aposta numa redução de 0,25 ponto na taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcada para novembro, mas isso ainda pode mudar de acordo com os indicadores econômicos que forem divulgados até lá.
O economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, concorda. Para ele, a dúvida está na duração do processo de corte dos juros. Nas contas de Salomon, o Copom deve cortar 0,25 ponto em novembro e mais quatro da mesma magnitude no início de 2007.
O documento divulgado ontem pelo BC dá poucas pistas sobre o futuro da taxa Selic, já que boa parte de seu conteúdo foi copiada da ata da reunião de agosto do Copom. Já naquela ocasião, foi dito que um corte de 0,25 ponto nos juros foi considerado, mas prevaleceu a opinião de que uma redução de 0,5 ponto seria mais adequada.
Desde setembro de 2005, a Selic caiu de 19,75% ao ano para 13,75%. Parte da queda, porém, apenas acompanhou o recuo da inflação. Nesse período, o juro real passou de cerca de 11,5% ao ano para cerca de 8,5%.


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